Antropólogos americanos na guerra
Antropologia

Antropólogos americanos na guerra


Eu discordo muito dos antropólogos norte-americanos que foram "embarcados" para o Iraque e Afeganistão, porque esses, a meu ver, fazem justamente uma antropologia mercenária a serviço do exército americano. Trata-se justamente de transformar a antropologia numa máquina de guerra, visto que estão lá para medir e mediar a contrarevolta nativa, pois os militares utilizam seus relatórios etnográficos para submeter os nativos à humilhação e à tortura (o texto bem lembra do caso da obra escrita por R. Patai - Arab Mind).

Para o exército americano, o uso do saber antropológico deve-se à necessidade de educar os militares quanto ao modo de existência social e cultural dos iraquianos e afegãos. Isso daria condições de um extermínio mais autêntico, uma invasão estudada em seus pormenores, e com a assinatura de antropólogos que esqueceram os valores éticos onde quer que se faça a antropologia: a empatia e o respeito pelas populações estudadas. Ao invés do "ponto de vista nativo" o "ponto de vista da população-alvo". O terror alimentado pela sofisticação antropológica.

Entendo a antropologia sendo capaz de fornecer os elementos necessários ao diálogo para evitar a guerra e não para alimentá-la. Se o Estado brasileiro entrasse em conflito aberto (guerra) contra os povos indígenas, deveriam nossos antropólogos ajudar o Estado como enfrentá-los e como submetê-los à moral e cultura brasileiros?

Chegou o tempo em que a aplicabilidade do saber antropológico deve se estabelecer, mas é chegada a hora de compreendermos que o "saber dos antropólogos" deve servir ao diálogo humanitário, intercultural, alinhavando o caminho da paz entre os vários povos.

Antropólogos embarcados para o oriente, desvirtuam a máxima antropológica do respeito a dignidade e a honra dos povos estudados. Se a CIA e o exército americano precisam acertar melhor o "alvo" com seus artefatos bélicos, que antes de declarar guerra, procure a antropologia para evita-la.



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