Antropologia
Índios do Mato Grosso do Sul protestam no Dia do Índio
Os índios de Mato Grosso do Sul são considerados os mais sofridos do Brasil. Somam cerca de 68.000 indivíduos e vivem em 74 aldeias espalhadas entre 28 municípios do estado.
Apenas os Kadiwéu, cuja terra indígena tem cerca de 530.000 hectares, vivem relativamente bem. Mesmo estes passam por dificuldades. 130.000 hectares de suas terras estão invadidas por fazendeiros desde a década de 1960 e o processo de retirada está no STF desde 1983. Parado. Nas mãos do ministro Celso de Mello, sem querer dar seu voto.
Já os Terena e os Guarani vivem em pequenos lotes de terras que foram demarcadas entre 1915 e 1938, e depois nas décadas de 1970 para cá. Quando era presidente da Funai conseguimos demarcar algumas delas, as últimas desde então.
A desastrada campanha feita pela atual gestão da Funai inviabilizou completamente a demarcação das terras guarani que estavam sendo cogitadas há alguns anos. Com um furor sensacionalista, alguns antropólogos e missionários propuseram a demarcação de cerca de 600.000 a 1.000.000 de hectares, naquele estado, quando há tão somente 60.000 hectares demarcados até agora.
A resposta dos fazendeiros e políticos veio com a mesma arrogância. Hoje está tudo parado. Há três dias a bancada ruralista do Mato Grosso do Sul foi levada pelo seu governador para falar com os ministros Tarso Genro e José Múcio. O processo está paralisado. Tarso Genro sugeriu uma câmara de reconciliação, com a direção do Ministério Público. Sugeriu o impossível.
Por sua vez, o mesmo ministro Tarso Genro assinou uma portaria demarcatória que aumentaria a Terra Indígena Cachoeirinha, de 2.870 hectares para 36.700 hectares. Não sei se sabia o quê estava fazendo. O resultado era esperado. Os fazendeiros se levantaram e pararam tudo. A justiça federal embargou a portaria.
Os índios Terena e Guarani sofrem pela falta de terras e pela falta de estratégia da atual gestão da Funai.
Em Miranda, cidade do oeste matogrossense, reuniram-se para protesto e demonstrar que o Dia do Índio é um dia de luta e de desespero. Querem o apoio da sociedade matogrossense e brasileira na sua busca por um espaço (literalmente) na sociedade brasileira. Mas com os "muy amigos" que lhe dão suporte a coisa não vai para frente. Vão continuar a sofrer até encontrarem um novo caminho de conquistas.
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Índios de MS pedem solidariedade na luta por demarcaçãoJefferson da Luz, para o
Campo Grande NewsLideranças indígenas de Mato Grosso do Sul pediram solidariedade a membros de outras comunidades do país na luta pela demarcação de terras no Estado. Para Eliseu Lopez e Elda Vasquez, representantes Kaiowa-Guarani, os índios estão ameaçados de extinção pela expansão do agronegócio, que os confina a reservas ?espremidas entre plantações de soja e cana-de-açúcar?.
Ontem, foi realizada, na Aldeia Mãe Terra, em Miranda, o encontro de povo Terena e da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). O evento teve como objetivo fazer uma reflexão sobre a situação dessas populações no Estado e no Brasil.
Na ocasião, Lindomar Ferreira e Sacarias Rodriguez, lideres da aldeia, disseram que a comunidade não vai abrir mão de reivindicar 33 mil hectares pelos quais vêm lutando há 26 anos, e que aguardam com esperança a homologação de suas terras pelo governo Lula.
O encontro reuniu movimentos indígenas de várias regiões do país que além de perceberem os problemas enfrentados pelos índios aqui em Mato Grosso do Sul, manifestaram suas posições quanto à recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a demarcação continua da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Algumas lideranças criticaram a decisão e disseram que para a maioria dos povos indígenas do Brasil foi "uma vitória com sabor a derrota".
O momento mais importante do evento foi marcado pela apresentação, da "dança da guerra", cujo significado abrangia por um lado à valorização da cultura indígena como uma manifestação viva dos ancestrais na luta pela terra.
Falando em nome da Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal, Ramon Vieira, lembrou da importância da articulação que está acontecendo entre os povos indígenas do Brasil para garantir os direitos dos índios.
?Sobre tudo, em Mato Grosso do Sul, onde os desafios são muito grandes e as necessidades são urgentes, especialmente a demarcação das terras dos povos Guarani e Terena?.
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