Crédito de carbono parece que começa a funcionar
Antropologia

Crédito de carbono parece que começa a funcionar


Uma empresa norte-americana, com representação no Brasil, de tanto insistir conseguiu com que a atual direção da Funai assinasse um termo de compromisso pelo qual os índios Tembé, que vivem na Terra Indígena Alto Guamá, no noroeste do estado do Pará, passariam a receber uma determinada quantia em dinheiro em troca dessa empresa dizer que os TEmbé estariam compensando pelo abuso que a empresa faz de emitir CO2 ao não derrubar o que resta em floresta de sua terra indígena.

Mais não se sabe.

O fato é que circula entre os índios brasileiros promessas de várias Ongs para que eles assinem papéis com os quais essas Ongs buscariam o patrocínio de empresas européias e norte-americanas que emitem muito CO2 de suas fábricas e que querem compensar essas emissões por quem possa não somente não emitir como ter árvores suficientes para absorver o excesso emitido. Isto é o que se chama em inglês "carbon swap", ou troca de carbono. Uma empresa solta CO2, uma floresta absorve esse CO2.

Acontece que o Brasil, em reunião recente em Pozdam, Polônia, declarou que não aceitaria participar dessa tal troca de carbono.

E aí, quem está com a razão? Será que dá para concordar com a proposta de receber uns trocados dos gringos para deixar que eles continuem a emitir CO2, ou mesmo aumentem a sua quantia, em troca de que aqui não se emita??

E as nossas emissões de dióxido de carbono pela queima da Floresta Amazônica? Quem vai compensá-las?

O que eu sei é que muitos índios estão alvoraçados com a perspectiva de assinar esses acordos e ganhar algum recurso do estrangeiro. As Ongs intermediárias estão a mil, tentando convencer os Kayapó, os Xinguanos e outros mais. O estado brasileiro está inerme nessa situação. O Congresso Nacional nem ousa discutir essa questão. Daqui a pouco serão os militares que irão dar sua opinião, antes que os civis tomem a iniciativa. Os ambientalistas estão calados. Por que?

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Tembés serão pagos para conservar a floresta

Diário do Pará, em Belém

Os índios Tembé e uma empresa norte-americana estão prestes a fechar um acordo que garantirá o pagamento de recursos, dentro do mercado internacional de créditos de carbono, para que a floresta seja mantida em pé dentro da área da reserva Alto Rio Guamá, no Pará. Esse foi o resultado de um encontro realizado na sede do Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, Poema, na Universidade Federal do Pará, durante a realização do Fórum Social Mundial em Belém.

Desde o ano passado, os índios Tembé vêm negociando um projeto de créditos de carbono com a empresa privada C-Trade, especializada em projetos de créditos de carbono florestais e energias renováveis.

Durante o FSM, os Tembé reuniram com representantes da empresa para avançar nas negociações do projeto, que já tem uma carta de intenções assinada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em outubro do ano passado, e uma audiência pública realizada em novembro, com a presença de representantes dos Tembé

O valor total a ser investido na negociação entre os Tembé e a empresa C-Trade ainda não foi estipulado. Ele depende de um cálculo ainda a ser realizado sobre a área preservada, obedecendo a um índice chamado de Potencial de Geração de Créditos de Carbono.

MERCADO - O mercado de créditos de carbono é uma maneira de converter a preservação da floresta em dinheiro. É por isso que essa idéia interessou aos índios Tembé, cuja área de reserva está instalada em Paragominas. Segundo o presidente da C-Trade, Ronald Shiflett, esse mercado voluntário gera hoje muito interesse, principalmente das companhias de geração de energia elétrica dos Estados Unidos.

A grosso modo, o mercado de créditos de carbono serve como uma alternativa de práticas sustentáveis a países que já devastaram grande parte de seus recursos naturais. Com os créditos, em tese, se criaria uma maneira para compensar, em escala global, os efeitos de algumas atividades econômicas. No caso dos créditos de carbono florestais, empresas pagam para que comunidades tradicionais mantenham a floresta de pé como forma de compensar as atividades realizadas em seus países de origem. (Belém/PA - Diário do Pará)



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