Antropologia
Obama e o Brasil
Muitos brasileiros estão acompanhando de perto as eleições presidenciais norte-americanas. A presença de um negro, Barack Obama, com todas suas características extraordinárias: filho de negro africano com branca americana, pai muçulmano, padrastro muçulmano, mãe antropóloga, avós brancos do Kansas, avós negros do Quênia, convertido ao protestantismo evangélico negro, ex-usuário de drogas, formado em grandes universidades, brilhante orador, determinado político -- está deixando os americanos alvoroçados.
E os brasileiros também. Não é que ele se parece com brasileiro e sorri como um nordestino!
Entre as grandes virtudes de Obama é não ser demagogo. Em seus discursos ele se apresenta como um pastor conduzindo suas ovelhas, demonstrando capacidade de liderança, inclusive de dizer coisas que suas ovelhas geralmente não querem ouvir.
Uma delas é essa aqui descrita na matéria abaixo. Trata-se de dizer aos negros que eles também são responsáveis por seu destino e pelas situações em que vivem. Não basta só pôr a culpa em Wall Street, no capitalismo americano, no preconceito racial. Isso tudo todo mundo faz, e deve ser feito.
O que Obama faz a mais é dizer aos negros que eles têm que tomar tento de suas vidas. Têm que cuidar de seus filhos, dedicarem-se a eles, estar com eles. Isso os levará a um sentido de responsabilidade e superação. Para os americanos modernos isto significa cortar TV para as crianças, especialmente nas férias.
Obama prega essas e outras atitudes sem nenhum constrangimento. Mas, de vez em quando, um desses líderes tradicionais afroamericanos, como o pastor Jesse Jackson, ficam espezinhados pelas falas de Obama. Outro dia este falou que Obama fala como se estivesse dando lições de moral aos negros. Ora, será que não é o quê Jesse Jackson sempre fez e quer fazer, só que ninguém mais o escuta?
O tom moral, mas não moralista, da campanha de Obama é a grande novidade do momento. Vem fazendo uma diferença imensa nas mentes americanas e no resto do mundo. Nunca se viu político dizer coisas que não fossem para inflar o ego dos eleitores. Obama diz o quê acha correto. Está fazendo uma revolução na linha ética da política americana. Escanteou sua principal adversária, Hillary Clinton, que tinha tudo para ganhar a nomeação do Partido Democrata, simplesmente por dizer o que achava, e não fazer média com os sindicatos de trabalhadores americanos.
Leiam a matéria abaixo. Vale a pena acompanhar essa corrida presidencial nos Estados Unidos.
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Obama diz que negros têm de assumir responsabilidade
Por Caren Bohan
CINCINNATI (Reuters) - O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu na segunda-feira que os negros assumam a responsabilidade de melhorar suas próprias vidas, mantendo a mensagem dura que tem sido bastante criticada pelos afro-americanos.
Obama, que pode ser o primeiro negro a chegar à Presidência do país, foi alvo de críticas do líder do movimento pelos direitos civis Jesse Jackson, que afirmou na semana passada que Obama "fala aos negros como se fosse superior".
"Agora, eu sei que há quem diga que sou muito duro, falando de responsabilidade", disse Obama à Naacp, a mais antiga organização pelos direitos civis dos Estados Unidos. "Estou aqui para dizer que não vou parar de falar nisso".
Além de Jackson, outras pessoas criticaram Obama por abordar a questão dos pais ausentes em muitas famílias negras e pedir aos homens negros que se envolvam mais com suas famílias.
Ao citar isso, Obama costuma falar de sua própria experiência. Ele foi criado por uma mãe solteira, branca, e pelos avós, depois que o pai queniano foi embora quando Obama tinha dois anos.
Ele também fala às platéias negras que elas precisam passar mais tempo fazendo lição de casa com seus filhos e evitar que eles assistam muita televisão.
Obama, que concorre contra o republicano John McCain, abordou o assunto em um discurso feito numa igreja no dia dos pais (que ocorreu no mês passado nos Estados Unidos).
O discurso sobre responsabilidade, na Naacp, foi aplaudido de pé.
Mas, no mesmo discurso, Obama também enfatizou o que classifica como fracasso de Washington e de Wall Street em tratar com os problemas econômicos que afetam os negros, como a falta de saúde acessível, educação pública inadequada e desigualdade de renda.
"Temos de exigir mais responsabilidade de Washington. Temos de afastar aqueles interesses especiais e deixar que as vozes do povo americano ressoem", disse Obama. "Temos de exigir mais responsabilidade de Wall Street."
"Mas, vocês sabem, também temos de exigir responsabilidade de nós mesmos", acrescentou.
Jackson disse à CNN na semana passada que Obama dá "sermões" nas igrejas afro-americanas.
"Eu disse que isso parece que ele fala como se fosse superior aos negros. A mensagem moral deve ser mais ampla", disse Jackson.
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