Memorial Darcy Ribeiro será implantado na Universidade de Brasília
Antropologia

Memorial Darcy Ribeiro será implantado na Universidade de Brasília



Em audiência concorridíssima no campus da Universidade de Brasília, o projeto Memorial Darcy Ribeiro foi aclamado por todos os presentes para ser instalado até 21 de abril de 2010, data do 50º aniversário da fundação da capital do país.

Darcy Ribeiro e o grande educador Anísio Teixeira foram os idealizadores e implantadores daquela universidade.

A Universidade de Brasília sofreu uma terrível intervenção do governo militar, em 1965, de onde foram expulsos mais de 300 professores, muitos em solidariedade pela expulsão dos primeiros defensores da liberdade de expressão da universidade. Entre os expulsos estava Eduardo Galvão, que era o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, talvez o antropólogo mais conceituado à época, e que, ao querer voltar ao Museu Nacional, de onde viera, foi-lhe negado pela turma que tomara o Museu com a ditadura militar. Outro que saiu em solidariedade foi o linguista Aryon Rodrigues, que continua sendo o maior linguista de idiomas indígenas do Brasil.

O projeto arquitetônico do Memorial tem a assinatura do grande arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, autor de várias obras monumentais de Brasília, inclusive o famoso "minhocão" que serve de base para os cursos daquela universidade.

O Memorial Darcy Ribeiro é belíssimo, em forma de uma aldeia karib, circular e subindo em curva de chapéu de mexicano, com claraboia que permitirá ventilação e iluminação naturais. A biblioteca de Darcy Ribeiro é composta de uns 30.000 volumes, a maioria dos quais livros sobre o Brasil e a América Latina. Além disso tem uma iconografia impressionante de materiais indígenas, caixas e caixas de documentos do tempo em que foi etnólogo do Museu do Índio, ministro da Educação e da Casa Civil do governo João Goulart, vice-governador e secretário de projetos especiais do Rio de Janeiro e senador da República.

Ainda em vida, Lelé fez esse projeto arquitetônico, com total aprovação de Darcy. Desde então a UnB ficara de implantá-lo, mas muitos dos adversários de Darcy, de dentro da própria universidade, boicotavam-na. Agora parece que a resistência foi vencida, com a ajuda do reitor interino Roberto Aguiar e com a concordância e esforço do atual José Geraldo.

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Campus da UnB terá memorial Darcy Ribeiro

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O arquiteto João Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé, apresentou pela primeira vez à comunidade o projeto arquitetônico do prédio do antropólogo e fundador da universidadeDiante de plateia lotada e na presença de grandes nomes da história da Universidade de Brasília, o arquiteto João Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé, apresentou pela primeira vez à comunidade o projeto arquitetônico do prédio que abrigará o Memorial Darcy Ribeiro a ser construído no campus do Plano Piloto.

O encontro estava aberto para que alunos, funcionários e estudantes fizessem perguntas e opinassem sobre o projeto do memorial. Com 2 mil m² de área e arquitetura moderna, o espaço será o guardião definitivo do precioso acervo de 30 mil livros herdados do antropólogo e fundador da universidade. Atualmente, a coleção fica na Fundação Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, capital onde morava o pensador.

"É com muita alegria que vejo a concretização desse projeto, que Darcy tanto prezava", afirmou Lelé, amigo íntimo de Darcy e autor do plano arquitetônico do Instituto Central de Ciências, o Minhocão. A apresentação foi organizada com audiência pública no Auditório da Reitoria, pela comissão UnB 50 anos. O grupo é responsável por planejar as comemorações do jubileu de prata da universidade, a ser comemorado em 2012.

O prédio, em formato circular, é mais que um projeto de arquitetura. Ele materializa o próprio pensamento do fundador da UnB. "Conversávamos muito sobre o projeto. Ele, ainda doente, chegou a vir aqui, ver o terreno", disse Lelé. Em formato de maloca de índio ou de um disco voador, como Lelé descrevia para seu amigo, o edifício terá dois andares de biblioteca, espelho d'água, salas de aula, climatizador natural. Também abrigará um espaço para descanso e apresentações, batizado de beijódromo pelo próprio Darcy Ribeiro.

"Sei muito bem o que a iniciativa representa para Darcy. Uma semana antes de ele morrer, ele perguntou, E o prédio?", contou Lelé, que foi homenageado durante a apresentação, com um vídeo dirigido pelo cinegrafista de Darcy Ribeiro, sobre as primeiras construções na UnB. O ICC e os prédios SGs - Serviços Gerais, representaram a primeira experiência de edifícios pré-moldados no Brasil.

Além de iluminação natural, proporcionada por uma grande clarabóia, foram priorizados isolamento acústico, boa ventilação e espaços generosos para circulação dos usuários na biblioteca. "Isso é muito o jeito do Darcy. Ele gostava dessa coisa de espaço amplo, livre", contou Lelé. Outro desejo do fundador da UnB, o beijódromo terá arquibancada, palco para apresentações, sanitários e salas, que poderão servir de camarim.

"O memorial não é só uma contribuição do nosso fundador e pensador, mas também a marca de um tempo. Passaram-se anos desde que foi projetado, e acho que chegou a hora de concretizar esse esforço", afirmou o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Jr.

Presente na audiência pública, o professor emérito da UnB e antropólogo Roque de Barros Laraia disse que a instalação do memorial será um ganho para a comunidade acadêmica. "É uma biblioteca muito grande. Tive oportunidade de conhecer parte dela no apartamento de Darcy, em Copacabana", disse. "Além disso, tem o acervo etnográfico que Berta cultivou por tanto tempo", afirmou.

Elaborado entre 1995 e 1996 com a ajuda de Darcy Ribeiro, o memorial será construído próximo à Reitoria e à Biblioteca, prédios que compõem o que se chama de Complexo da Praça Maior, área que engloba os importantes edifícios da universidade. "Ali existe um caminho muito utilizado pelos estudantes para o acesso a essa área e que vai passar em frente ao memorial", destacou o arquiteto da UnB Alberto Faria.

Ele afirmou que foram feitos estudos com a preocupação de não só manter a harmonia urbanística no local, como evitar a destruição da vegetação. "Um único ipê será transplantado", disse Alberto Faria. A construção do prédio custará entre R$ 5 milhões e será custeada com emendas parlamentares e pela iniciativa privada.



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