FUNAI na expectativa
Antropologia

FUNAI na expectativa


Há dez dias a Presidente Dilma mandou anunciar que já tinha escolhido a nova presidente para a Funai, a antropóloga e demógrafa Marta Maria Azevedo. Nesse tempo nenhuma notícia a mais, porém a expectativa de mudança tem deixado a comunidade indígena e indigenista alvoroçada. Apesar da primeira reação da APIB contrária ao método como a Marta foi escolhida, sem consultar as lideranças indígenas, sem qualquer transparência na decisão, o que constitui um retrocesso político indizível, apesar de tudo isso, a expectativa é favorável.

Tudo indica que a indicação de Marta Azevedo não é de continuidade ao desastre administrativo e indigenista por que passou a Funai nos últimos cinco anos. Marta é conhecida no meio antropológico como uma pessoa que tem um senso de responsabilidade e de caráter que auguram um tempo diferente. Sua experiência mais rica e profunda tem sido com os índios Guarani do Mato Grosso do Sul, do Sul do Brasil e até do Paraguai. Ela conhece as mazelas da vida guarani nesses lugares, conhece as peripécias políticas da região e observou bem o desastre que foi a atual administração ao tentar demarcar terras indígenas doidivanamente.

Embora associada com as Ongs que mais tiveram controle sobre a Funai nos últimos cinco anos, quais sejam, o CTI e o ISA, Marta tem conexões intelectuais e morais com antropólogos e antropólogas que não compartilham da associação dessas Ongs com a Funai. Ela sabe que suas conexões têm um peso moral e um conhecimento da causa indígena que estão além das atividades dessas Ongs no mundo indígena. Marta sabe que a Funai é órgão do Estado, descendente do indigenismo rondoniano, e que tem que recuperar seu prestígio político-administrativo para cumprir minimamente com seus deveres de Estado.

Eis a esperança da chegada de Marta Azevedo à Funai.

Está na hora de sua posse. Está na hora de haver transparência na Funai, de haver clareza sobre o que se vai fazer, de se recuperar o trabalho digno de seus funcionários e servidores, de dar esperanças aos que entraram recentemente de terem um ofício digno para os índios e para a Nação brasileira.



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