Antropologia
Dilma Roussef - A Primeira Mulher a Ocupar a Presidência do Brasil!
Dilma Roussef foi eleita ontem a primeira mulher ?presidenta? do Brasil! Uma vitória não só das mulheres, mas de toda a sociedade brasileira. Dilma sofreu na própria pele o passado da ditadura militar. Foi presa e torturada por defender seus ideais e por criticar um regime baseado na repressão dos direitos civis e políticos. Contribuiu diretamente para a redemocratização do país. Trabalhou pessoalmente em diversos governos, demonstrando sempre um conhecimento técnico e político dos assuntos que tratou. Dilma é uma mulher forte, como tantas outras brasileiras. Enfrentou situações difíceis e demonstrou sua capacidade de superação. Dilma está de parabéns por mais essa vitória! Desejo que o seu governo seja o melhor possível e que dê continuidade as conquistas dos últimos oito anos, além de avançar em áreas que até o presente momento foram deixadas de lado, por envolverem controvérsias de difícil solução.
É preciso avançar na discussão de problemas estruturais como a desigualdade econômica, a reforma agrária, a questão indígena e o meio ambiente. Precisamos continuar crescendo, mas precisamos fazer isso de forma sustentável, sem colocar em risco a nossa diversidade ambiental e cultural. Espero que Dilma promova um movimento de valorização da cidadania em todos os estratos da população, respeitando os direitos constitucionais das populações indígenas, quilombolas e tradicionais. O Brasil precisa avançar na área de educação e saúde, promovendo os direitos básicos previstos na Constituição de 1988. O Governo deve se comprometer em respeitar os procedimentos legais para a construção das obras do PAC, colocando em primeiro lugar a qualidade de vida e o respeito aos direitos das populações locais. A questão ambiental precisa ser tratada com seriedade. A sustentabilidade deve gerar iniciativas concretas em todas as áreas do governo, inclusive, nos setores mais desenvolvimentistas. É preciso favorecer a construção de uma nova mentalidade de governo, que favoreça os nossos potenciais, tanto no campo cultural como ambiental. O Brasil tem a chance única de inovar no campo do desenvolvimento, incorporando definitivamente o conceito de sustentabilidade como eixo fundamental de suas ações governamentais. Precisamos avançar na discussão sobre a nossa base energética, buscando minimizar o impacto ambiental e social de grandes obras como a Belo Monte. O desenvolvimento das regiões sul e sudeste não pode ser feita a partir do sacrifício das populações da região norte e nordeste.
Outros temas que estão mofando na agenda política nacional ? como as reformas política, fiscal e eleitoral ? precisam ser abordados com determinação, buscando instituir acordos em torno de propostas concretas. O problema da previdência social precisa de iniciativas criativas e soluções práticas.
A questão da violência nas grandes metrópoles e da criminalidade precisa de uma atenção especial. A área social precisa continuar avançando, dando continuação as iniciativas implementadas nos últimos oito anos e intensificando ainda mais as ações estruturais voltadas para a conquista de objetivos concretos em médio e longo prazo. O governo tem feito muito nos últimos anos, mas ainda é possível fazer muito mais. Só posso esperar que a nova presidenta esteja determinada a enfrentar a questão da segurança pública como um eixo fundamental para a conquista do bem estar da nossa sociedade. É claro que essa questão possui interfaces sociais, políticas e econômicas que precisam ser abordadas com seriedade. O problema da pobreza e da desigualdade econômica nas grandes cidades é um fator estrutural. A necessidade de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, dando igualdade de condições nas áreas de saúde e educação é de extrema importância.
Outra questão que merece ser debatida com seriedade é a regulamentação dos setores de comunicação no Brasil, com a discussão de critérios éticos para o exercício do bom jornalismo e para o exercício da comunicação em benefício da sociedade e de forma realmente democrática. A sociedade brasileira não pode continuar vulnerável ao autoritarismo e ao abuso de poder perpetuado por meia dúzia de famílias que controlam os meios de comunicação no nosso país. Precisamos avançar nessa discussão e diferenciar a censura da regulamentação ética e democrática. Assim como todos os demais setores da sociedade, a mídia também precisa responder por abusos cometidos contra a liberdade de expressão. Mentiras não podem continuar sendo apresentadas como verdades. O moralismo autoritário não pode continuar definindo a agenda das redações de jornais. É claro que a discussão da regulamentação deve respeitar a livre liberdade de manifestação da opinião pública, desde que devidamente de acordo com outros direitos civis presentes na constituição. O pior de tudo é que são exatamente esses setores que farão de tudo para ?derrubar? Dilma o mais cedo possível, fazendo uso de meios golpistas e autoritários (conforme buscaram fazer durante o período eleitoral) . Talvez o enfrentamento mais direto com esses setores de nossa sociedade seja o mais difícil desafio que a nova presidenta do Brasil terá que enfrentar nos próximos quatro anos. Sem desfrutar da mesma popularidade que Lula, Dilma estará mais vulnerável aos ataques da mídia e dos setores alinhados com a oposição, que sairam dessas eleições com um capital político significativo. Para superar essa situação Dilma precisa construir uma base sólida de apoio político e buscar mostrar trabalho já no primeiro ano de governo. Vontade e determinação são qualidades que Dilma já demonstrou possuir em abundância durante a sua trajetória de vida, só depende dela e de seus aliados mais próximos fazer desta oportunidade mais uma conquista política.
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