Último dia do ano: a Funai resiste
Antropologia

Último dia do ano: a Funai resiste


Neste último dia do ano de 2009, talvez o pior ano para o indigenismo brasileiro desde o tempo dos militares, inicia-se a resistência dos povos indígenas e dos indigenistas brasileiros aos desmandos e despautérios criados pela atual administração da Funai.

O decreto 7.056, assinado pelo presidente da República no dia 28, pelo visto sem que o presidente soubesse o que estava fazendo, está sendo visto por muitos povos indígenas como um desrespeito às suas visões políticas e um retrocesso inominável ao movimento político que vinham criando dentro do panorama político brasileiro. Muitos se sentem traídos por terem acreditado nas palavras fáceis da atual gestão da Funai.

Por sua vez, os indigenistas brasileiros, de início, pasmos e inermes diante do inacreditável que viram com a extinção de postos indígenas e 24 administrações regionais, estão analisando esse decreto e o interpretando como o auge de uma política irresponsável e desmiolada, fruto de amadorismo canhestro e de interesses inconfessáveis.

Agora todos estão se unindo para preparar a resistência. Que virá na forma de protestos em Brasília e em pressão política na Casa Civil e com o presidente da República. Os políticos de Pernambuco, Goiás, Paraná, Bahia e Rondônia já foram contatados. Tanto os do governo como os da oposição. Os do Pará ainda não, mas, se os políticos não quiserem ajudar, os próprios índios de Altamira e REdenção certamente vão fazer algo muito sério.

A matéria abaixo, vinda do jornal Diário de Pernambuco, é a primeira que saiu com clareza sobre esse assunto e a resistência que se prepara. Outras virão mais adiante. De Mato Grosso e de Goiás, do Paraná e do Pará, da Paraíba e do Maranhão. Não importa que esse decreto tenha sido assinado no final do ano para esvaziar a resistência. Ela se fará efetiva de qualquer jeito a partir da próxima semana.

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Funai  Silêncio continua após extinção da regional



Dirigentes e servidores da administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Pernambuco viveram ontem mais um dia angústia com o silêncio da direção do órgão em Brasília. Dois dias depois da publicação do decreto em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) extinguiu a representação estadual, nenhuma informação foi repassada pela presidência da fundação. "Nem mesmo um contato telefônico foi feito. Não conseguimos localizar o presidente (Márcio Meira)", observou a administradora regional, Estela Parnes. Ela acrescentou que, pelo modo como os acontecimentos vêm se desenrolando, tudo indica que a decisão pelo fechamento foi premeditada para evitar reações.

"Parece que estudaram a data. Escolheram uma época de festas em que a mobilização é difícil de ser feita. Os deputados estão em recesso, não conseguimos localizar lideranças indígenas. Tudo isso colabora para que a repercussão seja a menor possível", disse. "Mas estamos reagindo. Recebemos apoio dos deputados (federais) Fernando Ferro (PT)e Paulo Rubem (PDT)", completou Estela Parnes. De acordo com ela, pelos contatos feitos ontem com o interior do estado, a revolta e a indignação entre as comunidades indígenas é grande.

Ontem também foram enviadas aos líderes indígenas cópias do decreto. A estratégia é que cada etnia reflita sobre a decisão do governo federal e traga sugestões para a reunião que ocorrerá no Recife na próxima terça-feira (5 de janeiro) para tratar da questão. Estão sendo esperadas mais de 40 lideranças indígenas. "Vamos reunir organizações não governamentais, parlamentares, sindicatos. Faremos encaminhamentos sobre como vamos agir. Pensamos em ir a Brasília pressionar para que esse decreto seja revisto".

A decisão foi publicada terça-feira no Diario Oficial da União, no mesmo decreto em que Lula da Silva determinou a criação de 3,1 mil cargos nos próximos três anos para a Funai. Além da falta de informação nessa fase pós-extinção da regional, os integrantes da fundação em Pernambuco se queixam da inexistência de diálogo do período que antecedeu o decreto. Índios, deputados e servidores foram ignorados no processo, mesmo o estado possuindo a maior população indígena do Nordeste e a terceira maior do país, com cerca de 40 mil índios de 11 etnias. Todo esse contigente continua a desconhecer as razões que motivaram a extinção da Funai do Recife. 




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