Quantas línguas indígenas são faladas no Brasil?
Antropologia

Quantas línguas indígenas são faladas no Brasil?


Até ontem, eu achava que eram cerca de 170 a 180 as línguas indígenas ainda faladas no Brasil.

Matéria veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo, de hoje, apresenta o lingüista do Museu Goeldi, Denny Moore, dizendo que são só 150 línguas.

É importante que tenhamos esses dados corretos. É importante que saibamos quantos são os povos indígenas atuais (e tirar as ambigüidades sobre, por exemplo, se os Yanomami são um só povo ou quatro povos diferentes, falando quatro línguas diferentes) e qual sua verdadeira população.

O presidente da República sancionou como lei um projeto votado no Congresso Nacional que determina o ensino da história dos povos indígenas no currículo educacional brasileiro no nível médio.

Quem está se habilitando a escrever livros sobre história indígena brasileira? Serão escritos do ponto de vista da Igreja Católica, da teoria marxista da colonização, da visão gilbertofreyreana, do viés darcyribeirano, da visão onguista do mundo?

Os índios estão se preparando para escrever suas histórias?

Quanto à população indígena, é preciso que o IBGE -- já que a Associação Brasileira de Antropologia não se pronuncia, e a Funai espera a definição dos antropólogos -- defina quem são os índios e quantos há no Brasil. Será que uma pessoa que se declara índio, porque supõe ter tido uma avó ou bisavó (é sempre do lado feminino, nunca é um avô ou bisavô), pode ser considerado índio não só do ponto de vista de estatísticas, mas do reconhecimento do Estado? Poderá essa pessoa pedir reconhecimento para fins de cota em universidades?

Imagine a Funai reconhecendo como índio a pessoa que diz que teve uma bisavó indígena. Do ponto de vista genético, de acordo com as pesquisas do geneticista mineiro Sérgio Pena, são cerca de 30% da população brasileira, ou 56 milhões de pessoas!

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Com levantamento inédito de diversidade lingüística, Iphan pretende preservar patrimônio imaterial

Eduardo Kattah, Estado de São Paulo

Mapear centenas de línguas faladas no Brasil, à exceção do português, e retirá-las de uma espécie de "clandestinidade simbólica" é o objetivo de um inventário que começará a ser feito ainda este ano no País. O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou, em Belo Horizonte no último dia 15, a realização do levantamento, com base nas conclusões de um grupo de trabalho que se reuniu durante um ano e oito meses para discutir o assunto. O inventário deverá contemplar línguas indígenas, afro-brasileiras e de imigrantes, além das variedades do próprio português. Para iniciar o trabalho, o Iphan dispõe de um orçamento, em 2008, de R$ 450 mil.

"Embora sejamos vistos pelo exterior e por nós próprios como um país de uma língua só, na realidade não é isso que ocorre", destaca Márcia Sant'Anna, diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan.

"O interessante é que dentro dessa nossa unidade lingüística - que existe em torno do português - temos ainda um patrimônio importante até em termos mundiais." Parte desse patrimônio, porém, está sob ameaça de desaparecimento, pela falta de registro e de formas de transmissão. Não raro, observa Márcia, algumas línguas indígenas acabam restritas a grupos de poucas dezenas de pessoas. A estimativa é que existam cerca de 180 línguas indígenas que ainda são faladas no Brasil. "Em torno de 60 dessas línguas estão em risco de extinção", afirma a diretora do Iphan.

O lingüista Denny Moore, do Museu Paraense Emílio Goeldi - instituição vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia -, porém, fez um levantamento mais recente e acredita que o número de línguas indígenas faladas no País não passa de 150. Do total, cerca de 25% estão ameaçados de desaparecimento "em curto prazo", afirma o pesquisador americano, radicado em Belém (PA) há mais de duas décadas. "Faltam informações sobre o número exato de línguas, de falantes dessas línguas", diz.



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