Antropologia
Povo Indígena autônomo é visto no Acre por Meirelles
José Carlos Meirelles, um jovem estudante de engenharia de Ribeirão Preto que deixou a faculdade em 1973 para ser indigenista, vem trabalhando nos cafundós do Acre há 30 anos, desde que saiu do Maranhão (onde contatou o primeiro grupo do povo Awá-Guajá, em 1973-74).
Seu trabalho tem sido simplesmente guardar as fronteiras brasileiras e as terras onde vivem três ou quatro dos 16 últimos povos indígenas que vivem autonomamente do Brasil. Em agosto de 2004 ele foi atacado por um grupo desses índios, chamados de Masko, enquanto pescava perto de sua casa no alto rio Tarauacá. A ponta da flecha atravessou sua boca e foi se alojar a meio centímetro de sua cervical. Sobreviveu, foi transportado de helicóptero para Rio Branco, sarou sua ferida e, meses depois, estava de volta ao seu posto indígena.
Meirelles é um dos últimos cinco ou seis grandes sertanistas da atualidade. Como Rielli, como Jairo, como João Lobato, sua vida é passada quase toda na solidão da floresta conversando com os índios ou com as árvores, os rios ou os pássaros.
Pois bem, Meirelles vinha notando que os índios Masko estavam ficando mais ousados e chegando mais perto do seu posto. A razão disso parece ser a pressão que eles e outros índios do Peru vêm sofrendo dos madeireiros que estão deitando e rolando nas florestas do Peru.
Há dois meses Meirelles convenceu o governador do Acre a lhe emprestar um avião para ver onde estariam esses índios. Qual não foi sua surpresa quando avistou uma bela e interessante aldeia, só que não dos Masko, mas de um povo relacionado à cultura Pano. Sua aldeia está cercada de roças de bananas e mamões e tem um formato raro.
O fotógrafo que ia com ele tirou dezenas de fotos. Meirelles foi a Brasília para mostrar ao presidente da Funai, que lhe deixou esperando duas horas e não o atendeu. Aí resolveu convocar seus amigos da mídia de Rio Branco e mostrar o que tinha visto. As fotos foram publicadas em jornais e blogs e só agora a grande imprensa as notou e resolveu publicá-las.
Viva Meirelles pelo amor que tem aos índios!
Viva esse povo maravilhoso que, espantado, mas com coragem, atira flechas ao grande pássaro de ferro!
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