Antropologia
Indigenista Meirelles é homenageado
Notícia boa para começar o dia. O indigenista, nosso querido amigo José Carlos Meirelles, está sendo homenageado pela Assembléia Legislativa do Acre.
Meirelles é uma das maiores figuras que conheci no indigenismo brasileiro. A primeira vez que estive com ele foi em novembro de 1975, quando subi o rio Turiaçu para visitar um grupo de índios Guajá que vivia no alto curso do rio e que ele, junto com Valéria Parise e Jairo Patusco, havia contatado dois anos antes. Foi emocionante e difícil aquela viagem. Quando lá cheguei Meirelles fazia seis meses que não saia do seu posto. Fumava folha de bananeira brava porque há muito o fumo havia acabado. Ficamos amigos e tenho umas boas fotos desse tempo. No retorno trouxe minha primeira malária.
Meirelles ficou mais algum tempo no Maranhão, mas depois se cansou de tanto isolamento e de tanta pressão. Veio outro sertanista para substitui-lo e assistir aos Guajá e contatar outros grupos. Não contatou nenhum, nem assistiu aos já contatados. Morreram trinta Guajá com esse sertanista, que depois virou famoso por pirotecnias indigenistas. Todos sabem quem ele é.
Meirelles foi para o Acre, casou-se com Tereza e não volta mais. Simplesmente cuida de um povo indigena autônomo que não quer contato e que já lhe deu uma flechada. Ele simplesmente os guarda, que nem um anjo da guarda.
Meirelles é grande amigo de muita gente, pelo seu jeito livre e sem pretensões. Aliás, escreve muito bem, também.
Meirelles, meu irmão, parabéns, estou aqui te olhando com admiração e amizade.
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Assembléia homenageia indianista Carlos Meirelles
NOTÍCIAS DA HORA
Com mais de 30 anos dedicados à proteção das populações indígenas do Acre, o indianista José Carlos Meirelles, foi recompensado por seu trabalho, nesta terça na Assembléia Legislativa. Em uma cerimônia no Plenário da Casa ele se tornou mais uma personalidade agraciada com um título de cidadão acreano.
O título havia sido requerido pelo deputado Moisés Diniz (PC do B) em 2005, mas só agora os compromissos profissionais do sertanista o permitiram comparecer à Aleac para receber a homenagem. "O Meirelles luta por homens e mulheres invisíveis, que estão no meio da floresta acuados por madeireiros e outros exploradores, dar esse diploma para ele é uma forma de reconhecer isso", disse Diniz justificando sua ação. Essa também é a visão do presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B) e da deputada Naluh Gouveia (PT), que já conhecem o trabalho dele de longa data.
Nascido em São Paulo, José Carlos Meirelles atua como indianista, desde 1971, quando começou a trabalhar na FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - Funai, trabalhou no Maranhão, antes de vir para o Acre, em 76. Para ele possuir um título de cidadão acreano é motivo de orgulho e só reafirma sua condição de apaixonado pelo Acre.
Perigos da profissão - Desde o final da década de 80, ele trabalha na preservação de etnias indígenas que vivem isoladas na região do Envira. O conhecimento daquela região de fronteira o levou a aproveitar o momento para fazer um apelo às autoridades e denunciou a ação de madeireiros peruanos, que estão armando índios para que eles trabalhem no desmatamento da região. "Antes quando a gente tinha de lidar com flechadas tudo bem, porque somos pagos para isso, é o preço de se meter com índios que vivem isolados, mas agora temos recebidos tiros de alguns "índios"".
Para resolver esse caso, ele acredita que o Governo Federal deveria tentar sensibilizar o Governo Peruano, porém, existem mesmo setores da própria Funai que não conseguem se sensibilizar com a causa. O indianista conta que dentro do Acre, existem atualmente três comunidades indígenas isoladas e para ele ao menos por enquanto mantê-las assim é o melhor, pois, ele cita um estudo que aponta que após um ano toda aldeia indígena que entra em contato com o homem branco perde cerca de dois terços de sua população, mesmo atualmente. "Eles são muito indefesos, alguém têm de falar por eles, mas a gente não descobriu um jeito de entrar em contato com esse povo e não matá-lo, mesmo tomando cuidado".
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