Antropologia
Índios Guarani são feridos na retirada de uma fazenda
Continuam os conflitos de terra no Mato Grosso do Sul. Desta vez foi uma nova tentativa, a terceira, de invasão de uma fazenda no município de Sapucaia.
A primeira invasão foi em fevereiro e resultou na morte de uma índia por parte de um segurança. Logo depois, um índio foi assassinado e ninguém sabe por quem. Parece que não foi a mando de fazendeiros, porque o CIMI nunca fala isto. A segunda foi em maio, e agora, há poucos dias, veio a terceira. Nem a Funai, nem o Ministério Público estavam presentes na retirada, que foi toda provividenciada por fazendeiros e o prefeito municipal. Houve um conflito na chegada de volta dos índios à terra indígena Taquapery, onde moram. Cinco ou seis pessoas saíram feridas, entre elas, quatro índios. A matéria abaixo tenta esclarecer a questão, mas deixa furos.
Os índios que invadiram a fazenda consideram-na que está dentro de uma tekohá, quer dizer, uma área de vida ou morada, deles, tendo sido isto em algum tempo no passado, e querem recuperá-la. A Funai ainda não providenciou uma equipe para estudar essa reivindicação. Está ocupada com os estudos de um antropólogo que vive de criar ilusões nos índios. Agora a conversa fiada é delimitar os tekohá por bacias dos rios, em glebas de até 80.000 hectares. Imaginem como será isto no Mato Grosso do Sul da atualidade.
De ilusões em ilusões, a vida dos Guarani se deteriora a cada dia. Exceto para aqueles que continuam livres da influência das diversas Ongs que pululam por lá.
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Confronto reacende tensão em Sapucaia
CORREIO DO ESTADO - MS
Edílson José Alves, Ponta Porã
Um confronto entre índios e fazendeiros reacendeu o clima de tensão em Coronel Sapucaia. Um grupo de cerca de 50 indígenas que ocupou pela terceira vez neste ano parte da Fazenda Madama foi retirado do local através de uma suposta negociação entre fazendeiros e índios, sem a participação de nenhum representante do Ministério Público Federal, Polícia Federal ou da FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI). Na ação, quatro indígenas ficaram feridos a tiros, e todos foram socorridos no Hospital de Amambai.
Segundo informações policiais, os índios teriam ocupado na última quinta-feira a Fazenda Madama, que é de propriedade de Antônio Vendramini. A fazenda está localizada na divisa dos municípios de Coronel Sapucaia e Amambai, nas margens da rodovia MS-289. Na manhã de sábado, os índios teriam deixado a área na carroceria de um caminhão, depois de um suposto acordo com os fazendeiros da região.
Quando o caminhão chegou à região da Aldeia Taquapery, onde seriam descarregados os pertences dos indígenas, houve desentendimento, seguido de tiroteio. Os indígenas Neo Lopes, 35 anos, Gilmar Batista, 22 anos, Astúrio Benites, 23 anos, e Angélica Barrios, de 22 anos, sofreram ferimentos e tiveram que ser socorridos no Hospital Regional de Amambai. Angélica ficou em estado mais grave, mas ontem, a chefe interina do núcleo da FUNAI em Amambai, Marina Dutra Vieira, informou ao Correio do Estado, que a indígena já estava fora de perigo.
O motorista do caminhão, Edelfonso Vicentin, que tinha sido contratado pelos fazendeiros para fazer o transporte dos indígenas, se viu em apuros com o tiroteio. Uma bala estourou um dos pneus do caminhão e seu ajudante, Alexandro Gomes de Oliveira, 28 anos, foi capturado pelos indígenas e teria sido espancado. A libertação de Oliveira foi conseguida através de negociação feita pela Polícia Militar.
No momento em que foi resgatado pelos militares, o ajudante do caminhoneiro disse que os índios não portavam armas de fogo, mas mudou a versão em depoimento na delegacia de Polícia Civil. Ele declarou que não sabe quem atirou primeiro. O presidente do Sindicato Rural de Amambai, Christiano Bortolotto, que estava com a caminhonete carregada de cestas básicas, informou que teve o carro atingido por tiros, que teriam sido disparados pelos índios. Ele ressaltou que não tem conhecimento de que havia algum produtor armado e que a negociação para a saída dos índios foi tranquila e que somente quando chegou à Aldeia Taquapery é que houve a confusão.
A chefe regional da FUNAI, Margarida Nicoletti, e a chefe do Núcleo de Amambai, Marina Dutra Vieira, informaram que estão acompanhando o desenrolar da situação em Coronel Sapucaia. Marina disse que, se houve negociação para a saída dos índios, foi diretamente entre fazendeiros e indígenas, porque a FUNAI, o MPF e a PF não estavam informados de nenhum acordo. "Todos esses órgãos já foram notificados sobre o ocorrido e vão acompanhar as investigações".
Blefe
Uma informação extra-oficial dá conta de que os índios deixaram a Fazenda Madama no sábado depois de receberem um blefe dos fazendeiros. Teria chegado a informação de que os guaranis e caiuás que ocupavam pela terceira vez a propriedade rural poderiam se dirigir para a Aldeia Taquapery, local onde receberiam cestas de alimentos.
Quando chegaram ao local, momento em que os fazendeiros fariam a entrega das cestas, eles teriam desconfiado e se negado a ficar na aldeia. Neste momento teria ocorrido a confusão, seguida do tiroteio. A Polícia Civil de Coronel Sapucaia instaurou inquérito policial para apurar as tentativas de homicídio.
Violência
Essa é a segunda vez que a Fazenda Madama é desocupada por fazendeiros e que isso resulta em tiroteio. Em 5 de janeiro, um grupo de cerca de 50 indígenas guaranis e caiuás ocupou a mesma área.
O grupo foi despejado quatro dias depois. Na ação, a rezadeira Kuretê Lopes, de 70 anos, foi morta com um tiro no peito e o indígena Valdeci Ximenes, de 22 anos, foi socorrido baleado. A segunda ocupação aconteceu em maio.
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