Índios Guarani protestam contra fechamento da AER Amambai
Antropologia

Índios Guarani protestam contra fechamento da AER Amambai


Os efeitos negativos do famigerado decreto de reestruturação começam a chegar nas áreas indígenas de um modo devastador. Falta tudo agora, com a paralisação das ações indigenistas corriqueiras que acontecem por necessidade básica dos povos indígenas.

Desta vez são os Guarani da região sul do Mato Grosso do Sul, para além de Dourados. Não são poucos. São muitos, cerca de 27.000 índios que se encontram ao léu, com a sede do prédio da antiga AER Amambai aberta, mas sem recursos para nada. Como se fala nesses lugares, não há recursos nem para um litro de gasolina.

Os funcionários da Funai ficam envergonhados, sem saber o que fazer, batendo ponto à toa, por conta da perversidade desse decreto. Dizem que serão transferidos para Ponta Porã, onde lá está a Polícia Federal, mas lá não estão os índios. Ah, sim, segundo a reportagem, abaixo, a distância das aldeias é um dos motivos da extinção da AER Amambai e a transferência de sua estrutura para Ponta Porã. Quando mais longe dos índios, melhor, para os atuais gestores da Funai.

Os responsáveis por esse decreto ainda se verão com os índios sofridos. Ainda terão de prestar contas por sua irresponsabilidade. Agora são os Guarani, que, por suas características culturais, de longe, mal podem fazer um protesto simples, sem radicalismo. Em outras partes, o radicalismo e a hostilidade estão começando a emergir.

Vide o que está acontecendo nesse momento, 17:00, desta terça-feira, em Chapecó. Lá os Kaingang não aceitaram os argumentos falsos e capciosos trazidos por dois funcionários ligados à cúpula da Funai, que tentavam convencer os índios da bondade do decreto. Quase saem aos tapas.

Não vai melhorar a situação, e sim piorar, até a revogação desse decreto.

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FUNAI fecha e deixa 27 mil índios sem atendimento
Terça-feira, 9 de março de 2010 - 01h06m

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Mesmo com o núcleo desativado, indigenas fazem fila em frente ao prédio, implorando por atendimento. (Foto: Vilson Nascimento) 
Vilson Nascimento

A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) fechou o Núcleo Regional de Amambai, deixando pelo menos 27 mil índios guarani-kaiowá e guarani-ñhandeva, sem atendimento, no Cone Sul do Estado, 
em Mato Grosso do Sul.

O Decreto número 7056, extinguindo o Núcleo de Amambai, bem como os cargos de ?Feche de Posto da FUNAI?, que funcionava nas aldeias, foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 28 de dezembro do ano passado (2009).

De acordo com funcionários do órgão federal, o objetivo do fechamento da unidade de atendimento em Amambai seria para implantar outra unidade na cidade de Ponta Porã, mas até o momento tal unidade não foi criada e índios de 23 aldeias, espalhadas em 11 municípios da região de fronteira com o Paraguai estão sem nenhuma assistência por parte do órgão federal.

Apesar de já estar extinta legalmente, após 23 anos de funcionamento no município, o Núcleo Base, onde antes funcionava uma Administração Regional da FUNAI, continua com as portas abertas em Amambai, porém sem nenhuma estrutura de trabalho.

Segundo a coordenação do núcleo, faltam combustível, recursos e até mesmo material de expediente e de escritório, o que impossibilita a emissão de documentos, fator que faz atrasar ou até deixar de dar andamento em processos para a inclusão de famílias indígenas, que já vivem abaixo da linha da pobreza em aldeias, em programas sociais e em benefícios concedidos pelo Governo.

Segundo os funcionários da FUNAI em Amambai, atualmente o órgão não dispõe se quer de veículos em condições de transporte para visitar as aldeias e atender as comunidades indígenas. Apenas três caminhonetes estão rodando, duas delas em estado precário.

Outras duas caminhonetes semi-novas estão sem condições de rodar por falta de pneus e vários outros veículos que pertencem a FUNAI de Amambai e prestavam atendimento direto dentro das aldeias da região, estão encostados no pátio da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) ou em oficinas mecânicas da cidade, em Amambai.
Em Ponta Porã funcionaria uma Coordenação Regional

De acordo com Arlete Pereira de Souza, apontada como a possível coordenadora do órgão no município da fronteira, a unidade regional da FUNAI
em Ponta Porã seria denominada ?Coordenação Regional? e não mais administração como é hoje.

Segundo Arlete, a justificativa da FUNAI de Brasília em transferir a unidade do órgão federal para Ponta Porã seria por conta da Polícia e da Justiça Federal existente naquele município, mas em uma conversa flagrada pela nossa reportagem entre Arlete de Souza e os deputados federais, Vander Loubert (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT), Vander Loubert disse que os reais motivos da mudança da regional da FUNAI de Amambai para Ponta Porã, seria afastar a sede do órgão das aldeias e das comunidades indígenas para evitar invasões de prédios por parte de indígenas durante manifestações por melhores atendimentos.

Com a mudança, indígenas residentes em Amambai, ou até mesmo em municípios como Tacuru, Japorã e Paranhos, que precisarem de atendimento da FUNAI, terão que se deslocar até a cidade de Ponta Porã.

Comunidades indígenas da região prometem se movimentar para tentar reaver a unidade do órgão federal para Amambai.



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