Antropologia
Índio Colombianos fogem das FARC e são barrados pelo governo federal
Há vários dias temos notícias de índios em Colômbia. Uma marcha com mais de 10.000 índios do noroeste daquele país saiu do departamento de Cauca e está a caminho da cidade de Cali, onde querem fazer um grande protesto contra a política indígena de Álvaro Uribe. Notem que a marcha não ousa vir a Bogotá, por receio de repressão. Cali já é o máximo para eles.
Parece que, no meio de caminho, houve um confronto com a polícia militar ou rodoviária, e um índio quedou morto, vítima de uma projétil que o próprio presidente Uribe disse que não saiu dos rifles dos seus militares. Saiu de estilhaços de uma bomba que teria sido estourada por guerrilheiros infiltrado entre eles, pois estão sendo massa de manobra das FARC, diz o presidente. A notícia deu manchetes em jornais internacionais.
Os índios protestam porque vêm sofrendo de violências por parte de para-militares e das FARC. Violência quer dizer mortes. Protestam porque não têm terras garantidas. É interessante notar que a Constituição da Colômbia, de 1993, declara como terras indígenas quase 20% do território colombiano. E que elas teriam uma legislação específica, como se fossem municípios autônomos. Algo que, parece, a Bolívia pretende imitar. Só que, ao contrário do Brasil, nenhuma dessas terras está demarcada e garantida com exclusividade. A Colômbia diz que as terras são indígenas, mas qualquer um pode assentar-se por lá e viver sem o sentimento de intrusão. Curioso também é que a Colômbia foi o único país da América do Sul que se absteve de votar pela Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, na ONU, em setembro de 2007.
A notícia abaixo trata do fenômeno de famílias e até de grupos indígenas que são forçados a se retirarem de suas terras pelas milícias guerrilheiras. Um grupo de Bora, um povo indígena do leste colombiano, viajou por 16 dias pela floresta até chegar na cidade de Letícia, que faz fronteira com a cidade brasileira de Tabatinga.
Muitos índios daquela região estão se refugiando no Brasil. Passam para o território brasileiro onde há parentes da mesma etnia ou do mesmo grupo linguístico. Especialmente na região do rio Negro, onde está a Terra indígena Alto rio Negro e o município de São Gabriel da Cachoeira. Encontram um refúgio, mesmo que precário, entre seus parentes. Outros preferem se refugiar nas cidades. Há muitos deles em Tabatinga, em Manaus e na própria cidade de São Gabriel da Cachoeira.
O Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) procura encontrar meios para abrigar esses indígenas e dar-lhes algum sustento temporário. Muitos decidem viver no Brasil, sem perspectivas de retorno.
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Passando pelo Brasil, índios colombianos fogem de conflito armado, informa Acnur
Seis pessoas viajaram 16 dias na Amazônia para se refugiar.
Mais de 20 grupos indígenas da Colômbia correm risco de desaparecer. Índios fugiram para a cidade de Letícia, na fronteira da Colômbia com o Brasil.
Indígenas colombianos da tribo Baro viajaram 16 dias por três rios amazônicos, passando inclusive por território brasileiro, para se refugiarem na cidade de Letícia, que fica próxima à fronteira da Colômbia com o estado do Amazonas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), os seis índios fugiram de sua terra porque ela foi invadida por um grupo armado.
Eles foram recebidos pelo padre da cidade, onde chegaram no começo de outubro. Segundo o órgão da ONU, apesar de as leis colombianas garantirem ajuda a vítimas de deslocamento forçado, as autoridades locais inicialmente se recusaram a receber o grupo, pois não possuíam documentos de identificação.
Com menos de 700 membros, os Baro são um dos menores grupos indígenas dos 80 existentes na Colômbia, dos quais 27 estão em perigo de extinção (um grupo é considerado em risco quando sua população possui menos de 500 membros), informa o Acnur. Outros grupos indígenas que foram deslocados para Letícia incluem os povos Huitoto, Kofan e Inga.
De acordo com o Acnur, a Amazônia colombiana, que abrange uma área de cerca de 100 mil quilômetros quadrados, é esparsamente povoada e possui somente 75 mil habitantes, sendo mais de um quarto deles indígenas. Letícia conta atualmente com cerca de 25 mil habitantes, é cercada por selva e não tem acesso por estrada. O isolamento, informa a Acnur, faz com que a cidade não sofra com o conflito armado como outras regiões do país.
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