Drops Indigenistas -- 7
Antropologia

Drops Indigenistas -- 7


1. Vem da Casa Civil a mensagem passada ao ministro Tarso Genro para desviar o foco tradicional da Funai em demarcação de terras indígenas, especialmente nos casos mais urgentes, o Mato Grosso do Sul, mas também em outros estados. Durante o Fórum Social Mundial, o ministro Genro reconheceu que somente 10 terras indígenas foram homologadas pelo presidente Lula, desde que virou ministro, mas rasgou o verbo e disse que havia 271 portarias de demarcação. Eita, que conta doida! Na verdade, pouquíssimos processos demarcatórios estão em atividade, só os que foram iniciados na gestão anterior. As Ongs e o Cimi estão calados, tentando disfarçar seus embaraços pelo apoio que dá à atual direção da Funai. A CNPI, essa geme, geme e depois entuba. Para a Funai, agora, a palavra de ordem é "etnodesenvolvimento", mas disfarçando a ênfase para não assustar os índios que reclamam novas demarcações.


2. Os índios Kadiwéu, mais uma vez, manifestaram seu espírito guerreiro ao prender, sem auxílio da Polícia ou do Ibama, um caminhão carregado com toras de madeira saindo de sua terra. Os madereiros estão por toda parte, inclusive no Pantanal. Também há tantos fazendeiros com terras arrendadas dos próprios índios, que a prática do roubo de madeira tornou-se corriqueira, à revelia dos índios, da PF, da Funai e do Ibama. Desta vez os índios pararam um caminhão e chamaram o IBAMA e a PF, que não poderão fugir de sua responsabilidade nessas ocasiões.


3. Uma notícia estranha aconteceu no rio Purus, no município de Envira, estado do Amazonas. Quatro índios Kulina foram indiciados supostamente por prática de canibalismo. Parece que, num incidente inexplicado, esses quatro Kulina teriam matado um jovem vaqueiro, após o levarem para a aldeia. Depois eles mesmos teriam falado que o haviam matado, esquartejado e até cozinhado e comido parte das vísceras do morto. Muito estranho!!! A imprensa local se alvoroça com isso. Para tentar dar um tom de credibilidade dizem que os quatro estariam bêbados. Uma mistura de preconceito arraigado e sensacionalismo toma conta da imprensa no Amazonas.


4. Depois de quase três semanas dando plantão em frente à sede da AER da Funai em Dourados, Mato Grosso do Sul, e de interromper o fluxo de uma estrada estadual ligando aquela cidade à sua vizinha, Itaporã, um grupo de Terena e Kaiowá desistiu de exigir a saída da administradora. Perderam o ânimo. No meio das discussões, uma Ong comandada pela mulher de um vereador do PT da cidade foi um dos intermediários na obtenção de apoio para manter a administradora. É interferência por toda parte.


5. A próxima reuniâo da CNPI, a ser realizada nesta quarta-feira, em Alexânia, GO, vai fazer um balanço da atuação indígena no Fórum Social Mundial. O vice-coordenador da Coiab foi a figura mais vocal na imprensa televisa, mas parece que não estará presente. Um dos temas é um balanço da proposta das Ongs de mudar o Estatuto do Índio. Os índios sabem que as reuniões prévias que fizeram para discutir a mudança no Estatuto do Índio resultaram na rejeição dessa proposta. Isso ocorreu em Belém, Cuiabá e outras cidades. E não foram só os Kayapó e Xavante que se opuseram a isso. Só se espera que os índios da CNPI não se submetam à vontade da direção da Funai, do ISA e do Cimi, que querem porque querem que o Congresso Nacional discuta e mude o Estatuto do Índio por um mais aos moldes de suas pretensões neoliberais.


6. Na região metropolitana de Fortaleza, onde o governo planeja implantar o PECEM, que é um complexo de indústrias baseado na refinaria de petróleo e num porto de exportação, o Ministério Público tomou as dores das lideranças de remanescentes indígenas, que recentemente se reconheceram como indígenas e se auto-denominaram Anacé. Entre 300 e 800 famílias (os números variam muito, de semana a semana) vivem espalhados em uma parte substancial da área cogitada para receber construções das novas indústrias e empresas. Pelo discurso de lideranças Anacé, essas famílias querem o reconhecimento dessas terras como indígenas. O governo do Estado e a Petrobrás são contra. Os jornais de Fortaleza lutam contra. É grande a confusão. A Funai ainda não se manifestou a respeito. O MP quer uma reunião em Brasília para definir o reconhecimentos desses índios e a nomeação de um Grupo de Trabalho para fazer o reconhecimentos das alegadas terras. Um antropólogo do MP parece que já fez um estudo prévio e identificou cerca de 11.000 hectares.

Quem resolverá essa questão?



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