Antropologia
Direto da Paraíba: Índios Potiguara jogam pesado para reaver sua Administração
Quem disse que os Potiguara não tinham postura de guerreiros determinados, depois do debâcle da tomada da Funai em janeiro deste ano, quebrou a cara.
A atual direção da Funai criou diversos GTs com seu pessoal mais leal e mandou-os para diversas áreas indígenas para convencer os índios de que o Decreto de Reestruturação 1750/2009, que cortou pelo meio a Funai, era bom para todos. Contratou uma empresa para organizar as viagens de apresentação, cujo valor do contrato saiu no DOU como sendo de 17 milhões de reais, mas logo surgiu uma revisão para cerca de R$1,77 milhões. Difícil saber qual o valor real, nessa altura do campeonato.
Iniciaram as reuniões semana passada, começando por Eunápolis, sul da Bahia, e Palmas, em Tocantins. Com os Pataxó conseguiram passar por cima sem sobressaltos, não se sabe como; deslizaram em Palmas com os Krahô e Xerente, Tapirapé e Xambioá, apesar dos discursos de protesto, porém sem a presença de um único índio sequer do Maranhão. Mas, ao chegar na Paraíba, a coisa mudou.
Os Potiguara da Baía da Traição, que haviam sido protagonistas da tomada da Funai, em janeiro de 2009, e logo em seguida tinham se retirado e abandonado o barco da rebelião convencidos pela atual direção da Funai que iriam ganhar umas sobrinhas do Decreto, se bem que não mais sua Administração Regional, agora se abespinharam e partiram para a boa luta, pela boa vingança.
Detiveram toda a turma que veio de Brasília para essa ingrata e inglória tarefa de convencê-los e ainda alguns mais que estavam de reboque.
O coordenador-geral de desenvolvimento comunitário, Martinho, a coordenadora-geral de licenciamento ambiental, Marcella Nunes, a coordenadora de terras indígenas, Thais Gonçalves, todos de Brasília, e mais o veterano indigenista Benedito Rangel, deslocado de Manaus para essa tarefa (será que ele concorda com isso?) e o ínclito Nemézio, que vive aí mesmo na Paraíba, foram todos tomados de surpresa e levados da cidade da Baía da Traição para a Aldeia-mãe dos Potiguara, a gloriosa São Francisco.
Lá ficarão, comendo camarão frito e carambola, até que a atual direção da Funai reveja o decreto e retorne aos Potiguara sua administração, que, aliás, era reconhecida como das mais bem sucedidas. Assim prometem os Potiguara, unidos entre seus principais caciques e líderes, à frente o visionário Caboclinho, o destemido José Ciriaco e o conciliador Marcos Potiguara.
A notícia da nova rebelião potiguara se espalhou pelas comunidades indígenas. Os índios de Pernambuco, que não cacarejam em serviço, já estão se organizando. Por sua vez, os índios do Ceará, que tinham recebido uma administração, talvez para eles aceitarem as negociações para demarcação de terras na região, em substituição à extinta de João Pessoa, agora querem que os Potiguara sejam transferidos em seu atendimento para Maceió. Ora essa, como espezinhar os Potiguara numa hora dessas? Deviam vir em seu apoio!
Que será que vai acontecer?????
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Tensão: Índios exigem reabertura de unidade da Funai na PB em troca de reféns
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Janildo Silva
ClickPB
Dez funcionários da Funai estão sendo mantidos reféns na Aldeia São Francisco, em Bahia da Traição devido, segundo lideranças indígenas, a ?inoperância do órgão após sua reestruturação?.
Os índios resolveram manter os servidores da Funai em cárcere privado após não receberem por parte dos técnicos da Fundação uma explicação convincente sobre as modificações que ocorreram na estrutura do órgão e como maneira de pressionar Brasília a negociar, optaram por fazer os dez servidores de reféns.
Conforme indígenas que se encontram no local o movimento é pacífico e nenhum dos funcionários foi agredido durante o movimento que apreendeu os funcionários na Zona Urbana de Bahia da Traição e só depois conduziu os reféns para a Aldeia são Francisco, onde os mesmos foram conduzidos a uma sala e estão sendo alimentados e hidratados.
Não há previsão para a liberação dos servidores, já que para que isso ocorra os índios Potiguaras exigem a reabertura da Unidade da Funai no estado e as negociações com Brasília estão em sua fase inicial.
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