Devaneios de Tetê
Antropologia

Devaneios de Tetê


Pra Rir!


Este texto escrevi pra rir, na verdade o ”concebi rindo de mim mesma” em momento de “no stress” , enquanto ria a valer. Pensava na minha “desimportância” (existe essa palavra? Se não, acabo de inventá-la rsrsrs...), e nas “circunstâncias que me inspiravam”. Hum! Jamais imaginei que pudesse ser tão “circunspecta”!!!
Na verdade sentei-me à tela depois de dez horas de leitura, meio “atordoada” com tantas letras. Não o planejei, ele fluiu nos acordes das minhas carícias nas teclas. Afinal, quando não estou leeeendo esquizofrenicamente, escrevo achando que com isto minha mente terá um pouco de descanso. Ledo engano! Que descanso que nada! Experimento um caos mental cotidianamente, sem conseguir livrar-me dele rsrsrs!!!!


Acordo com uma angústia não sei do que. Olho para o relógio são seis e trinta da matina. Que faço eu acordada essa hora em “plenas férias?” Ah, sim porque a UFG (vide mestrado de antropologia social) nos deu “férias” de um mês em julho com ”apenas” os três trabalhos finais para realizar, e também refletir sobre o projeto, procurar os orientadores, e fazer algumas leituras, estas já sobre o tema da dissertação. Tudo muito light, muito zen, sem motivos para angústia, ou desespero, afinal o dia tem 48 horas, teremos um mês inteiro, e estamos reclamando de que????
Lembrei agora porque essa sensação inquietante. Hoje é o dia em que começarei a fazer o trabalho de Teorias Antropológicas, depois de debater-me por dias sucessivos para fazer o trabalho de Gênero e Sexualidade. Acordava, comia, tomava banho, dormia e tinha pesadelos com este trabalho. Escrevi e reescrevi seiscentas vezes, imprimi (gastei muuuito papel e tinta) outras tantas, não me dava por satisfeita de ler o que estava na tela, afinal poderia haver incoerências “não detectáveis” se não estivesse lendo, e corrigindo no papel! Esquisitices de gente que só se satisfaz manuseando e sentindo o cheiro do papel, percorre bibliotecas, museus e sebos para relaxar, ama moda retrô, e que de repente vê-se às voltas com “esse tal computador não confiável”, segundo as idéias, mais esquizofrênicas e retrógradas possíveis no que se refere à tecnologia!
Voltemos ao trabalho de Teorias Antropológicas. Vou dar uma olhadinha básica na minha estante. Quase caio pra trás quando “revejo” “minhas belas e valiosas monografias” enfileiradas à minha frente, e certamente ansiosas para sair da estante e dar uma voltinha. E eu que estava tão aliviada achando que ia dar um descanso aos meus pobres olhos e à minha cachola, dou meia volta e “pernas para que te quero”. Resolvo dar um giro pela casa, assoviando e tentando fingir que, “aquilo tudo” nas prateleiras nada tinha a ver com a minha pessoa.
Vou até a cozinha preparar um lanche reforçado para iniciar o trabalho. Enquanto isso reflito: Connell, Frazer, Morgan, Godelier, Clastres, Ingold, Adam Kuper, Roberto Cardoso de Oliveira, Roberto Da Matta, Geertz (não Tetê que confusão está fazendo, estes últimos foram livros que você comprou e leituras paralelas que fez, nada tem a ver com o trabalho de Teoria, lembre-se são os clássicos, nada de confusões mentais, afinal você não está “nem tendo que assistir aulas, deveria estar mais focada!!!).
Gente! Têm os textos também! Hum! Evolucionismo não estes não, Boas, Stocking Jr acho que não, Mead, Benedict, Bateson lembrei-me da participação destes na segunda guerra e dos textos guerra e caráter nacional, estilos variáveis de trabalhos antropológicos, parece que tem uma idéia interessante aqui, resolvo deixar de molho, digo a idéia, Durkheim, Mauss, Malinowski, Radcliffe-Brown este nem sob tortura não de jeito maneira! Evans-Pritchard, Gluckman nenhuma idéia iluminada até então. E Levi-Strauss? Penso com meus botões por um minuto de insanidade em trabalhar Levi-Strauss, afinal ele é “tão fácil de ser compreendido, têm tantas contribuições bacanas, morou no Brasil, são tantos argumentos a favor”, mas logo retomo meu perfeito juízo, e descarto esta idéia maluca! Eu iria acabar de endoidecer!
Volto correndo para o escritório, meu lanche fica intacto sobre a mesa, pego tooodas as monografias, e descubro de quebra que têm os textos também. Apenas para resolver o que trabalhar terei que reler aqui e ali uma ou outra coisa. Não rio nem choro, suspiro dando adeus mais uma vez às férias, sonhando com as praias paradisíacas do nordeste Jericoacoara, Pipa, Morro de São Paulo, Ilhéus, Maceió, Porto de Galinhas, esperando poder rever minhas queridas companheiras no final do ano!
Pensando assim, renovo meu ânimo e descanso virtualmente, até penso em flanar na Internet, para ver as praias, e poder ter a sensação da areia sob os pés, ouvir as ondas do mar (talvez eu possa colocar o som das ondas enquanto escrevo, ah que inspirador!), poderei até sentir o cheiro da maresia, e pegar um bronzeado por que não? O computador faz maravilhas! Afinal estamos no século XXI. É imprescindível além de ser capaz de usar todo aparato tecnológico, descansar sonhando que o faz!

Tetê
Mestranda - Antropologia Social - UfG



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