Antropologia
Denúncia provoca prisão de índios Trumai
Vejam essa notícia de um ano e meio atrás para entender melhor a notícia de baixo, ambos da Folha Online. Meus comentários de esclarecimento estão na matéria abaixo.
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Madeireiras fazem extração ilegal com apoio de índios
FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em São José dos Campos
Com o apoio de índios, madeireiras extraíram ilegalmente cerca de 16 mil metros cúbicos de madeira de lei em uma área de 800 hectares dentro do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, entre agosto de 2004 e julho deste ano. Os números foram levantados pelo ISA (Instituto Socioambiental), que acompanhou a ação das madeireiras por meio de imagens de satélite.
De acordo com o coordenador do programa Xingu do ISA e responsável pelo levantamento, o cientista social André Villas-Boas, 49, este foi o primeiro registro de retirada de madeira em larga escala da reserva federal, que foi criada em 1961 e possui 28 mil quilômetros quadrados.
"Todas as áreas indígenas que possuem madeira com valor econômico, e que estão próximas de pólos de exploração, sucumbiram à lógica da exploração madeireira. O Parque do Xingu foi o que demorou mais para que isso acontecesse. Se comparado com outras áreas indígenas, o Xingu ainda tem uma situação de controle", disse Villas-Boas.
Ele afirmou que a ação das madeireiras contou com o apoio de membros de uma aldeia familiar chamada Terra Nova, localizada a oeste do Parque e com cerca de 30 membros da etnia trumai.
"No começo de 2004, índios dessa aldeia pediram a lideranças do parque a permissão para fazer um pasto de cerca de 30 hectares, que foi autorizado. Pouco depois, essas mesmas lideranças descobriram que os índios haviam entrado em acordo com madeireiros para a exploração de madeira na área."
Segundo Villas-Boas, as madeireiras pagaram aos índios entre R$ 40 e R$ 50 pelo metro cúbico de madeira extraído do parque, que depois é revendido por R$ 500 o metro cúbico, chegando até R$ 1.000 em caso de exportação.
Índios Trumai presos por vender madeira
Pela primeira vez na história recente das relações interétnicas, índios são presos por vender madeira e portanto devastar o meio ambiente.
Há três anos um índio Trumai, que vive na parte oeste do Parque Indígena do Xingu, junto com seu filho e seu genro, um índio Ikpeng, abriram aquela parte do Parque para uma madeireira tirar madeira e vendê-la. Assim, assim.
O chefe Arapapã, sob o pretexto de criar uma nova aldeia e atrair toda etnia Trumai, que está espalhada entre os diversos povos indígena do alto Xingu, não atendeu a nenhum pedido dos demais líderes indígenas do Parque do Xingu, como Aritana, Afukaká, Takumã e tantos outros, para parar de deixar os madeireiros tirarem madeira de suas terras. Alegava que aquela parte do Parque pertencia ao seu povo e a ele, e ele podia fazer o que quisesse. O prejuízo tem sido imenso.
Quanto era presidente da Funai enviei três comissões de indigenistas e índios, bem como duas equipes da Coordenação Geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente, junto com pessoal do IBAMA e da Polícia Federal, para retirar os madeireiros e persuadir os índios responsáveis a deixar de praticar esses atos. Nas duas ocasiões as madeireiras foram fechadas, os índios foram notificados, mas, meses depois, voltavam.
Nos anos anteriores à minha adminstração, o ISA, junto com uma associação indígena controlada pelos índios Kayabi, criaram um programa de proteção do Parque do Xingu, com dinheiros do exterior e depois da própria Funai, para proteger toda a área. Nessa parte oeste, a responsabilidade caberia aos índios Kayabi e Trumai. Eis no que deu. Um ano atrás o responsável pelo ISA, André Villas-Boas, fez um denúncia sobre esse esbulho, como se pode ver na Folha Online. Sua denúncia não transparecia nenhuma sentimento de responsabilidade, como se ela toda fosse da Funai. É sempre assim. Quando a coisa ruim estoura, as Ongs sempre se eximem de qualquer responsabilidade.
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PF prende três índios em operação no Parque do Xingu
Folha Online
A Polícia Federal de Mato Grosso prendeu nesta quarta-feira ao menos 30 pessoas --entre índios, servidores do Ibama e empresários-- durante uma operação contra o desmatamento, destruição de floresta e venda ilegal de madeiras realizados dentro do Parque Indígena do Xingu --uma área de preservação.
Os policiais ainda cumpriram 57 mandados de busca e apreensão em sete cidades de Mato Grosso --Feliz Natal, Sinop, Sorriso, Vera, Cuiabá, Canarana e Chapada dos Guimarães--, duas de Goiás --Rio Verde e Goiânia--, Londrina (PR), Rio do Cedros (SC), além da aldeia Terra Nova, localizada no próprio parque.
Segundo a PF, os três índios presos, da etnia Trumai, facilitaram a ação ilegal de empresários e madeireiros dentro da reserva indígena. Mais de 15 empresas envolvidas tiveram seu fechamento decretado e foram lacradas.
A 1ª Vara Federal de Mato Grosso expediu 47 mandados de prisão e 57 de busca e apreensão a pedido do Ministério Público Federal.
De acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), nos últimos anos, foram extraídos, ilegalmente, cerca de 40 mil metros cúbicos de madeira do interior do parque.
A operação foi batizada de Mapinguari, que, pela lenda indígena, é o nome de uma criatura da floresta amazônica, informou a PF. Participaram da operação 37 servidores do Ibama e 60 policiais federais.
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