A guerra pela preservação da Amazônia é ainda de batalhas perdidas
Antropologia

A guerra pela preservação da Amazônia é ainda de batalhas perdidas



Não sei se a guerra contra madeireiros e fazendeiros, e em favor da preservação da Amazônia, está perdida ou não. As batalhas que são travadas pelo interiorzão da Amazônia são ganhas apenas quando o campo já está devastado e a lei dos retornos decrescentes começa a tomar pé entre as empresas madeireiras.

Este é o caso da Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada no nordeste do Pará, entre os rios Gurupi, que faz fronteira com o Maranhão e o rio Guamá, na altura da cidade de Capitão Poço.

Demarcada em 1945 pelo governo do estado do Pará em conjunção com o SPI, essa terra serviu para abrigar muitas comunidades do povo Tenetehara, que naquele estado é conhecido como Tembé. Fazem parte da grande migração tenetehara que começou por volta de 1825, iniciada desde o baixo rio Pindaré, no Maranhão, que chegou àquela região por volta de 1870. No século XX, os Tembé foram se acomodando com a presença cada vez maior de nordestinos aportando pela região, formando sítios e fazendolas.

Por volta da década de 1970, já muitas famílias tembé localizadas perto do rio Guamá tinham relacionamento estreito com não indígenas, a ponto de muitas famílias terem deixado de falar a língua tenetehara. Aí sua terra foi redemarcada nos limites originais de 1945, porém já com muitas famílias de não indígenas vivendo em povoadas dentro da terra indígena.

Por outro lado, o comércio de madeira, feito entre indígenas e posseiros e depois comerciantes e pequenos construtores, saiu do processo de simples escambo por bens industriais para a formação de serrarias pelas vilas, que foram se transformando em cidades. Quando os Tembé e a Funai deram fé, a coisa tinha tomado proporções inacreditáveis.

Eis que há uma dezena de anos a Funai, junto com o IBAMA, a Polícia Federal e até a Polícia Militar do Pará, vem tentando desesperadamente expulsar madeireiros, negociar com os índios o fim da venda escondida de madeira, enfim, acabar com esse comércio.

A matéria abaixo mostra a grande dificuldade encontrada e os estragos já feitos. Parece que, dos 280.000 hectares da T.I. Alto Rio Guamá, 30% dela já foram desmatados. A foto da serraria localizada a apenas 1 km do limite da terra indígena fala por si mesmo.


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Fotos aéreas flagram exploração madeireira ilegal em terra indígena no PA

Serrarias estão situadas na borda de reserva, de onde sai a madeira.


Dennis Barbosa, para G1

De Nova Esperança do Piriá - o jornalista viajou o trecho Belém-Nova Esperança a convite do Ibama

A megaoperação de fiscalização liderada pelo Ibama no município Nova Esperança do Piriá (PA) levou à descoberta de três madeireiras clandestinas a leste da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do estado.

A operação chegou pelo lado oeste da reserva, mas, em sobrevoo de helicóptero, a fiscalização flagrou madeireiros em plena atividade dentro da terra indígena e três serrarias a menos de um quilômetro a leste da área protegida.

Segundo o chefe de Fiscalização do Ibama no Pará, Leandro Aranha, a simples existência de serrarias no entorno da terra indígena evidencia o crime ambiental, pois não há mais madeira de valor a ser explorada na região, exceto na reserva. Ou seja, a madeira só pode ter origem ilícita.

Calcula-se que 30% dos 2.800 km² da Terra Indígena Alto Rio Guamá já tenham sido devastados pela exploração madeireira ilegal. A situação crítica na região levou o Ibama a organizar uma operação com mais de cem agentes, incluindo homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Rodoviária Federal, da Secretaria de Meio Ambiente do Pará, da Funai e da Polícia Militar.

Em Nova Esperança do Piriá, 13 madeireiras foram tomadas. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também já esteve no município.



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