Antropologia
Bolívia contra hidrelétricas no rio Madeira
As duas hidrelétricas que serão feitas no rio Madeira estão a 80 km e 300 km da fronteira com a Bolívia. Suas águas correm em direção ao Brasil, não à Bolívia, a inundação no Brasil vai ser relativamente pequena e não tem a mínima chance de alterar em nada o território boliviano.
Mesmo assim, o governo boliviano quer que o Brasil estude os impactos ambientais do lado de lá, e certamente se comprometa com ressarcimentos a possíveis danos ao meio ambiente.
Ora, a Bolívia se comporta como um menino chorão que quer guloseimas. Onde já se viu?
Essa matéria abaixo feita pela BBC-Brasil ilustra as argumentações brasileiras em rechaço às demandas bolivianas, inclusive de Ongs. Há outras matérias em outros jornais.
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Brasil discutirá hidrelétrica ´assim que Bolívia quiser´
Argumento que será apresentado pelo governo brasileiro é que o curso da água é da Bolívia para o Brasil e, por isso, não há como prejudicar o território boliviano
BUENOS AIRES - O governo do Brasil já tem respostas prontas para os questionamentos da Bolívia sobre as duas hidrelétricas brasileiras que devem ser construídas no rio Madeira. O Brasil aceitou a reunião solicitada pelo governo boliviano e apresentada pelo ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca.
"A orientação é: o dia que a Bolívia quiser, terá a reunião com o Brasil", disse um assessor com gabinete em Brasília. No encontro, anteciparam à BBC Brasil, os representantes brasileiros apelarão a argumentos técnicos para descartar que as hidrelétricas possam prejudicar o ecossistema boliviano.
O rio nasce no território boliviano com o nome de Mamoré, e atravessa a fronteira em direção à bacia Amazônica e ao Atlântico. No entanto, recordarão os representantes brasileiros, o curso da água é da Bolívia para o Brasil, e por isso "não há como gerar estragos no território boliviano".
No caso da hidrelétrica de Itaipu, os argentinos estão geograficamente rio abaixo, e teriam razão em reclamar dos efeitos em seu meio ambiente, como a ameaça de enchentes. "Agora, é o Brasil, e não a Bolívia, que está rio abaixo", afirmam.
Maquete
As outras justificativas que deverão ser usadas para tentar tranqüilizar as autoridades do governo do presidente Evo Morales são as distâncias das hidrelétricas para o lado boliviano. A hidrelétrica de Jirau está a cerca de 80 quilômetros da fronteira, e a de Santo Antonio, a aproximadamente 300 quilômetros - mais próxima de Porto Velho do que da Bolívia.
Distâncias que, no entanto, são também motivo de preocupação do governo boliviano, como afirmou esta semana o chanceler Choquehuanca.
Numa reunião realizada este ano no Rio de Janeiro, técnicos brasileiros utilizaram uma maquete para explicar às autoridades bolivianas porque entendiam que a Bolívia não tem razão para se preocupar. Na ocasião, eles destacaram as distâncias das hidrelétricas para o território boliviano. Mas as satisfações não convenceram os bolivianos, que passaram a ter "ainda mais dúvidas", como afirmou um assessor de Evo, depois dos "vários meses" que o Ibama levou para aprovar as licenças prévias.
Em uma entrevista em La Paz ao lado de Pablo Solón, que atua como uma espécie de conselheiro da administração Morales, Choquehuanca disse que espera que o Brasil realize estudos sobre o impacto ambiental destas hidrelétricas no território boliviano. "O Brasil só fez este estudo do lado brasileiro", queixou-se. Numa carta que enviou ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o chanceler boliviano se diz "contrariado" com a decisão brasileira.
´Batalha legal´
Nesta quinta-feira,12, diferentes organizações não-governamentais da Bolívia criticaram a decisão do Ibama. As ONGs Fórum Boliviano do Meio Ambiente (Fobomade) e a Liga da Defesa do Meio Ambiente (Lidema) rejeitaram a instalação das duas usinas na região.
A representante da Fobomade, Patrícia Molina, defendeu que a Bolívia inicie uma "batalha legal" nos tribunais internacionais para impedir as construções no Brasil. Já a Lidema afirmou, em comunicado: "Estamos conscientes de que as hidrelétricas poderão gerar inundações de bosques, terras usadas pelas pessoas do campo e afetar os peixes, que são a base do sustento das comunidades locais".
A ONG ressalva ainda que os estudos de impacto ambiental, realizados por Furnas e Odebrecht, foram feitos em anos de seca - 2002, 2003, 2004. E argumenta que os levantamentos não consideraram o período de enchentes como o que ocorreu este ano.
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