Belo Monte: o maior fracasso da engenharia civil
Antropologia

Belo Monte: o maior fracasso da engenharia civil


Apesar de não entender quase nada de engenharia, posso deduzir a partir do parecer de W. Antunes (publicado abaixo) que a hidroétrica Belo Monte também é considerada um fracasso do ponto de vista dos engenheiros. Conforme já ocorreu diversas vezes na história do setor público brasileiro, as obras são feitas sem o estudo adequado. Mas uma coisa é certa: alguém está ganhando muita grana com a construção de Belo Monte, mas certamente não será a sociedade brasileira e muito menos as populações indígenas e ribeirinhas que dependem do rio Xingu para sobreviver. Apesar de discordar das pessoas que não se preocupam com o bem estar dos índios e ribeirinhos (o sofrimento do outro é sempre passível de relativi-ismos), entendo como é possível não notar ou se importar com o que acontece em lugares remotos do nosso Brasil. Agora, o que eu não entendo é como as pessoas podem não se importar com o que é feito com os seus impostos. A verdade é que somos todos financiadores do "lob empresarial" irresponsável pela construção deste monstro da engenharia civil.

Crítica ao Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte - Walter Antunes


Considerando as informações publicadas pela EPE para eventuais interessados no leilão, a ser realizado para a construção e operação do AHE Belo Monte, é possível concluir que a construção do referido Aproveitamento Hidrelétrico Elétrico está longe de ser do interesse nacional. São conhecidos há muito tempo os dados hidrológicos do rio Xingu mediante medições de vazões em Altamira que se encontram no gráfico e tabelas abaixo.

Considerando-se que:

1- Que há exigências ambientais de se manter vazões mínimas da ordem de 1.000 m³/s (metros cúbicos por segundo) no leito original do rio Xingu, a jusante do sitio Pimental (veja desenho na página ao lado), para manter nível de água no rio que permita a sobrevivência das populações ribeirinhas indígenas e não indígenas ali radicadas;

2 - Que o funcionamento das seis máquinas da Casa de Força Complementar localizada no ?Sitio Pimental? será a única forma de manter a condição acima de vazões mínimas;

3 - Ainda que as seis máquinas da Casa de Força Complementar em funcionamento usarão vazão total de 1.920 m³/s, mesmo funcionando parcialmente poderão atender às exigências de vazões mínimas no trecho que será morto, na grande curva do Xingu.

4 - Que as vazões naturais do rio Xingu extraídas do gráfico abaixo nos meses de julho a dezembro durante toda a vida útil do AHE Belo Monte serão as abaixo tabeladas.

Conclui-se que:

1 - Nos anos de vazões médias a Casa de Força Complementar nos meses de agosto a novembro será obrigada a gerar energia com todas suas turbinas, a plena carga para

manter as vazões aceitáveis ambientalmente no trecho morto da ?Grande Curva do Rio

Xingu?. (só funcionarão 233 Mw)

2 - Nestes meses a Casa de Força Principal não terá água para funcionar nenhuma turbina. (Estarão parados os 18 grupos turbinas-geradores, total de 11.000 Mw).

3 - Nos meses de julho e dezembro será possível funcionar uma ou duas turbinas da

Casa de Força Principal e parar uma ou duas da Casa de Força Complementar, que sempre devem manter vazões mínimas a jusante.

4 - Nos anos em que ocorrerem vazões mínimas o AHE Belo Monte será desastroso.

Durante oito meses a água não será suficiente para acionar a plena carga nem mesmo a Casa de Força Complementar. Ficarão paradas todas as unidades geradoras da Casa de Força Principal, com 11 mil Mw de potência instalada, durante esses oito meses!

Conclusão final :

Levando-se em conta que o custo de implantação do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte deverá chegar a pelo menos ¾ do custo de implantação da UHE Itaipu (que até hoje tem restos a pagar do seu financiamento) e que produzirá apenas ¼ da produção anual de Itaipu é obrigatória a conclusão de que: não é possível viabilizar- se a construção do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte, em razão da sua baixíssima produtividade, sem que o Tesouro Nacional seja levado a investir, a fundo perdido, por meio das empresas públicas que compuserem a Parceria Público-Privada (PPP) que for vencedora do leilão e que se encarregará da construção e operação do pior projeto de engenharia da história de aproveitamentos hidrelétricos do Brasil e talvez da engenharia mundial. Uma vergonha para nós engenheiros.

Fonte: Edição de junho/julho de 2010 do Jornal do Instituto de Engenharia de São Paulo


http://ie.org.br/site/ieadm/arquivos/arqjornalie41.pdf



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