Antropologia
Parece que os índios não vão deixar barato o leilão de Belo Monte
Tudo indica que os índios Kayapó não vão deixar barato o leilão da Usina Belo Monte, programado pelo governo para o dia 20 de abril.
Os índios Kayapó vão fazer uma grande assembleia na aldeia Pyaraçu, na beira do rio Xingu, entre os dias 5 e 9 de abril para tocar os tambores de protesto contra Belo Monte. Estão convidando diversas pessoas aliadas aos seus sentimentos para ajudar-lhes nessa empreitada de protestos.
E não será só contra Belo Monte. Os Kayapó estão particularmente chateados e nervosos com o descaso da Funai, que os deixou sem alternativa para encontrar um ponto de equilíbrio em relação a esse empreendimento. Sentem-se enganados. A licença que a Funai concedeu ao empreendimento foi dada sem que lhes fosse comunicada. Nem ao menos houve reunião e audiência nas aldeias kayapó para lhes explicar o que significa esse projeto.
Não só pela Usina de Belo Monte em si, mas pelas consequências futuras. Ninguém acredita que Belo Monte será a única usina hidrelétrica a ser feita no rio Xingu. Os engenheiros sabem que durante mais de seis meses essa hidrelétrica irá produzir menos de 2.000 MW, do potencial de 11.000 MW que ela tem com a calha do rio cheia.
Portanto, há planos de, no futuro, construir novas hidrelétricas a montante de Altamira para garantir um fluxo de água suficiente para rodar as 22 turbinas de 500 MW a velocidade máxima. Uma delas chama-se Babaquara, e irá inundar partes das terras dos índios Assurini, Kayapó-Kararaô e Arara.
Eis o problema mais significativo desse empreendimento. E os Kayapó suspeitam disso, sem que ninguém lhes diga com todas as palavras. Eles sentem que algo de podre está no ar.
Se o presidente Lula e o Congresso Nacional garantissem que Belo Monte seria a primeira e única hidrelétrica do Xingu, teria jogo numa negociação decente com os Kayapó e com os demais índios do Xingu.
Mas o governo Lula deixou essa questão solta no ar. A Eletrobrás dá uma de joão sem braço, gloriosa por ver o projeto a caminho.
Os índios têm muita razão para se sentirem traídos. Nesse sentido, apoio a decisão dos Kayapó e dos povos indígenas do Xingu.
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Lideranças indígenas prometem manifestações antes do leilão
Cruzeiro On Line
Com a aproximação do leilão que decidirá qual o consórcio de empresas executará a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, lideranças representando mais de 15 etnias que vivem na Bacia do Rio Xingu se mobilizam e prometem realizar no dia 5 de abril mais um protesto contra a construção da hidrelétrica, na Aldeia Piaraçu, reserva Capoto-Jarina, localizada num trecho do Mato Grosso que, segundo os manifestantes, poderá ser prejudicado pela obra. "Precisamos nos organizar e ficar unidos nessa hora", disse o líder indígena Betdjore Metuktire.
Em novembro de 2009, cerca de 250 lideranças indígenas protestaram, durante cinco dias, contra a hidrelétrica na mesma aldeia e interromperam a travessia da balsa do rio. Prevista para ser erguida no município de Altamira, no Pará, a Usina é considerado o maior empreendimento energético previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, em uma área de 160 mil km2. Além de Altamira, a usina ocupará parte da área de outros quatro municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador Porfirio e Vitória do Xingu.
Desde 2001, o Ministério Público Federal do Pará questiona na Justiça o empreendimento. O órgão move oito processos contrários à instalação da usina. Os principais argumentos seriam o desrespeito aos povos indígenas, os impactos ambientais e a questão financeira que envolve a Belo Monte. A concessão de Belo Monte será por 30 anos. Após a construção, a Belo Monte será a terceira maior usina do Mundo com 11 mil MW de potencia e um investimento que deve chegar a R$ 30 bilhões. O início das obras está previsto para 2015. A hidrelétrica deve estar concluída em 2019.
O governo federal marcou para o dia 20 de abril o leilão. A concessão foi aprovada em fevereiro pelo Ibama, com 40 exigências impostas pelo órgão, que deverão ser cumpridas pela empresa vencedora do leilão. Isto liberou o início das obras. O chefe da seção de licenciamento do Ibama, Pedro Bignelli, acredita que a licença prévia "contemplou todas as partes envolvidas
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