UnB - Professor eleito vice-presidente da União Internacional |
19 de agosto de 2009 | |
A gestão da mais importante instituição de Antropologia do mundo conta com o trabalho de um professor da Universidade de Brasília. Gustavo Lins Ribeiro, chefe do Instituto de Ciências Sociais da UnB, se tornou vice-presidente da União Internacional de Ciências Antropológicas e Etnológicas no fim de julho. A entidade, criada em 1948, é vinculada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e congrega pesquisadores de todo o mundo. Gustavo Lins Ribeiro ficará à frente da instituição até 2013. O professor espera que sua escolha para a União Internacional fortaleça a UnB internacionalmente. ?É uma grande honra para um antropólogo brasileiro estar em uma posição como esta, na única instituição internacional de Antropologia?, disse Lins, em entrevista à UnB Agência. Na universidade, o curso de pós-graduação em Antropologia é o único que possui a nota 7 da Capes, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Confira a entrevista: UnB Agência ? A presença do senhor nessa entidade significa o quê para o Brasil? E para a universidade? Gustavo Lins Ribeiro ? A antropologia brasileira tem um grande destaque internacional e é muito respeitada nos principais centros de produção acadêmica. É uma grande honra para um antropólogo brasileiro estar em uma posição como esta na única instituição internacional da disciplina. Certamente, procurarei, em conjunto com outros colegas de direção, representar as perspectivas e tradições da antropologia brasileira e latinoamericana. Há muito por fazer. Ao lado do meu nome, está o da UnB, algo que ajuda a fortalecer a imagem de excelência acadêmica e científica que construímos aqui. Queremos também fazer, talvez em 2014, um congresso da entidade em Brasília. UnB Agência ? O senhor acha que, de alguma forma, sua eleição pode incentivar outros pesquisadores da UnB? Ribeiro ? É difícil que a minha eleição, ou a de qualquer colega, possa ajudar outros estudiosos de forma direta. Mas, de maneira otimista e sem nenhuma pretensão, talvez a eleição possa servir de inspiração para outros colegas com tendências cosmopolitas e interesse na política científica global. Acho que, em geral, nós brasileiros somos pouco ativos nessa frente, a despeito da alta qualidade de muitas práticas científicas e de muitas lideranças acadêmicas nossas. UnB Agência ? As pesquisas antropológicas da UnB têm um foco principal? Ribeiro ? Não. Nosso departamento tem uma pluralidade de interesses de pesquisa muito grande. Mas, se há algo que qualifica nossa prática acadêmica, é a de uma certa horizontalidade que praticamos. Não existem colegas donos de uma área, como se fossem os grandes catedráticos, e que, a partir dessa posição, pretendam criar seguidores, discípulos, como se fossem grandes gênios. Nossa modéstia consciente e nossa dedicação ao trabalho acadêmico levam a respeitar as propostas de trabalho de todos como igualmente relevantes. É claro que o importante são os resultados que daí derivam. Vários colegas, a partir de suas pesquisas, terminam se dedicando, de uma forma ou de outra, a influenciar políticas públicas ou a fazer parte de movimentos da sociedade civil. UnB Agência ? Quais são as principais discussões e desafios da área? Ribeiro ? A Antropologia é uma disciplina extremamente ambiciosa. Está interessada em decifrar desde os mitos de populações indígenas até as práticas e ideologias de laboratórios científicos de ponta. Mas ainda somos vistos como os grandes especialistas na questão das diferenças culturais, étnicas, e, acrescentaria, políticas, sociais e de gênero. Essas questões não deixarão de ser importantes nunca. Ao contrário, à medida que a globalização avança, elas se tornam mais relevantes. Nossos maiores desafios são de fazer chegar à sociedade em geral, e aos tomadores de decisão em particular, informações cruciais que permitam a perene construção de um mundo cada vez mais justo para todos. |