Parque do Javari: beleza pura e saúde precária
Antropologia

Parque do Javari: beleza pura e saúde precária



Os acontecimentos desta semana que passou, principalmente o ataque ritual dos Kayapó ao engenheiro da Eletrobrás, levaram os jornais principais do país a mirar de novo a questão indígena.

Hoje os jornais O Globo, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo vêm com matérias longas sobre o Parque Indígena do Javari. São matérias parecidas. Levados pela Funasa, o órgão que cuida (mal) da saúde indígena, os repórteres acompanharam o diretor de saúde indígena, Wanderley Guenka, na visita de inspeção e de vacinação que a Funasa está desenvolvendo na região. Segundo o Estado de São Paulo, os custos dessa expedição foram de R$ 4.500.000,00, o que surpreende. Seria muito vôo de helicóptero e muitos convidados jornalistas para chegar a tanto.

O Parque Indígena do Javari fica na região sudoeste do estado do Amazonas. Seu nome vem do rio Javari que constitui uma bacia com muitos rios o alimentando. Tem 8,5 milhões de hectares, sendo a quarta grande área indígena do Brasil, atrás das terras dos Kayapó (14,5 milhões de hectares), do Alto Rio Negro (10,5 milhões) e dos Yanomami (9,6 milhões). É uma região belíssima, com rios claros e piscosos onde vivem cerca de 3.700 indígenas. O povo Marubo constitui a maior população, com cerca de 1.700 pessoas. Os Matis vêm em seguida, com quase 1.000. Há ainda os povos Matses, Kunamari, Kulinas e Korubo. Existe um número que varia entre 4 e 10 povos indígenas (na matéria do Estadão consta que são 26) que vivem autonomamente, isto é, em situação de auto-isolamento, sem relação com os demais povos indígenas, nem tampouco com funcionários da Funai.

Os índios que vivem em relacionamento com a Funai vêm passando por grandes dificuldades de saúde. A hepatite B atinge 7% da população. A hepatite C devasta jovens e velhos ano após ano. A malária infesta todas as aldeias. Num desabafo, o diretor da Funasa disse que só se derrubasse a floresta é que a malária acabaria. Não chega a tanto. Em algumas terras indígenas, como na T.I. Waimiri-Atroari, o cuidado é tão grande que a malária virou uma raridade. Quando aparece é imediatamente controlada. E a saúde dos Waimiri-Atroari não está nas mãos da Funasa.

Veja a matéria no Globo Online, com fotos muito lindas das aldeias e dos índios. No Estado de São Paulo também tem informações que complementam o outro jornal.

Por fim, a Folha de São Paulo também veio com três matérias, entrevistando alguns antropólogos e indigenistas sobre a situação indígena no Brasil. Uma delas é sobre terras indígenas que têm intrusos ainda dentro delas, como o caso da Terra Indígena Marãiwatsede, dos índios Xavante, no Mato Grosso. Fala também da presença de garimpeiros na T. I. Yanomami e de boiadeiros na T.I. Araguaia, dos índios Karajá e Javaé. As outras duas são mais opinativas, sem informações novas.



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