Índios Xokleng protestam contra retirada de madeira no vale do Itajaí
Antropologia

Índios Xokleng protestam contra retirada de madeira no vale do Itajaí


Há duas semanas um grupo substantivo de índios Xokleng, entre 150 e 200 pessoas, moradores do vale do rio Itajai, em Santa Catarina, na Terra Indígena Ibirama, vêm pressionando a quem interessar possa para regularizar a ampliação de sua terra indígena. A ampliação foi decretada em abril de 2003 pelo ministro Márcio Thomas Bastos, mas logo foi contestada em juízo e até agora nenhum juiz decide sobre o caso. Os índios estão, com toda razão, perdendo a paciência.

Há duas semanas eles bloquearam uma estrada que passava por sua terra. Manifestavam a reivindicação de que a demarcação de sua terra fosso iniciada. Ninguém deu bola. Nesses últimos dois dias fizeram uma barreira para conter a passagem de caminhões carregando toras de madeira retirada de uma reserva ambiental, na qual é proibida a retirada de madeira por determinação judicial. Essa reserva é considerada pelos Xokleng como parte de sua terra ampliada.

Ontem a situação esquentou. No município de Itaiópolis, um grupo de uns 50 colonos fechou a estrada e deteve o prefeito, o vice-prefeito, vereador e outras autoridades locais exigindo que eles e a Polícia Militar retirasse os índios da barreira que estavam fazendo.

O noticiário de ontem à noite dizia que os índios é que tinham sequestrado o prefeito e sua turma. Hoje esclareceram a questão.

Entretanto, a situação continua tensionada. Os índios Xokleng estão ansiosos por alguma solução do seu problema. Em 2004 e 2005 eles chegaram a quebrar alguns equipamentos de uma barragem que está em sua terra indígena e que ajuda a impedir as inundações rio abaixo. Os equipamentos de controle foram consertados sem problema. No final deste ano passado o rio Itajaí transbordou em toda a região, causando mortes, desespero e destruição em todo o vale.

O prefeito quis ajudar e não teve sucesso. A persistência dos Xokleng é conhecida em todo o indigenismo brasileiro. A situação vai continuar repercutindo até que algum juiz dê o veredicto sobre a legitimidade da ampliação da Terra Indígena Ibirama.

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Prefeito de Itaiópolis, Planalto Norte de SC, e PM tentam solucionar conflito entre colonos e índios
O chefe do executivo municipal foi feito refém por trabalhadores rurais, mas está em liberdade


Diário Catarinense

O prefeito de Itaiópolis, no Planalto Norte de Santa Catarina, Hélio César Wendt (PMDB), reuniu-se com a Polícia Militar na noite desta quinta-feira para tentar pôr fim à disputa de terras entre índios da reserva Duque de Caxias e colonos no interior do município, que se arrasta há duas semanas.

O prefeito, o vice-prefeito, Alceu Schneider (PMDB); o vereador Orlando Schwarchersk, o subtenente da Polícia Militar Leonel Zatycko e o sargento Roberto Slabiski viajaram, no início da tarde, até o limite de Itaiópolis com o município de Doutor Pedrinho para tentar resolver o problema, mas foram impedidos de retornar por cerca de 80 colonos, que bloquearam a rodovia SC-447.

? Eles estavam revoltados e disseram que não deixariam ninguém sair dali enquanto o problema não fosse resolvido. Estavam armados com facões e foices e tomaram a chave do nosso carro. Depois de negociações, nos deram prazo até sábado para resolver a situação ? esclareceu o prefeito, que ressaltou que ninguém foi ferido.

O grupo foi liberado por volta das 19h. Eles foram encontrados no meio do caminho de volta para a cidade por um grupo de policiais militares, do comando de Canoinhas.

O conflito atual começou em janeiro e teria sido provocado por madeira, segundo o prefeito.

? Agora é época de corte. A confusão começou quando indígenas impediram os caminhões que transportavam a madeira de passar e mexeram em carregamentos. Eles alegam que a madeira é deles. Os ânimos esquentaram e a reivindicação pela ampliação da reserva acabou voltando à tona ? relata.

Segundo o prefeito Hélio César Wendt, há uma determinação para que os indígenas saiam do local, o que ainda não aconteceu.

Os indígenas reivindicam a ampliação da reserva de 14 mil hectares para 37 mil. A manifestação é baseada em uma portaria de 13 de agosto de 2003, assinada pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que definiu a ampliação.

Outro motivo de revolta por parte dos índios é a retirada de madeira da região por colonos, apesar da determinação da Justiça Federal de Mafra, que impede a exploração do recurso na área.

Segundo a Polícia Militar, há de 150 a 200 índios concentrados a mais ou menos 300 metros da barreira feita pelos colonos, já em Doutor Pedrinho.

? A situação é bastante tensa. Não vamos colocar um policiamento nosso porque a área é divisa de municípios e uma rodovia estadual. Não cabe uma decisão local ? diz o comandante da PM de Mafra, que abrange Itaiópolis, tenente Marcelo Pereira.

A PM local tem um efetivo de 20 homens, o que impede um policiamento seguro da área.

? Precisaríamos de reforços para isso ? acrescenta Pereira.



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