Índios de São Paulo invadem Funasa
Antropologia

Índios de São Paulo invadem Funasa



Ontem pela tarde um grupo de 100 índios do interior e do litoral de São Paulo invadiu o prédio da Funasa, proibiu a saída de funcionários do órgão por algumas horas e fez questão de reivindicar a saída do coordenador regional da Funasa para liberar o prédio.

Mais uma invasão de sede da Funasa. Creio que todas elas já foram tomadas por um grupo ou outro ao longo dos últimos 10 anos, desde que a Funasa absorveu as responsabilidades pela saúde indígena, no processo de esquartejamento da Funai.

São Paulo era um dos poucos lugares sem invasão, mas chegou sua vez. Os índios não aguentam mais tanta irresponsabilidade e tanto desleixo.

E olha que ainda tem algum tempo, talvez mais um ano, até que a nova secretaria de saúde indígena saia do papel, seja votada no Congresso e sancionada pelo presidente Lula.

Será que vai ser fácil aprovar essa secretaria no Congresso?

Enfim, mais um tempo prolongado de dúvidas e incertezas sobre a saúde indígena. Não há setor mais trágico atualmente na questão indígena brasileira

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Dezenas de índios passam a noite na sede da Funasa em São Paulo

Bom Dia Brasil, O Globo

SÃO PAULO - Dezenas de índios passaram a noite na sede da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em São Paulo. No começo da noite desta terça, os 30 funcionários que estavam no prédio puderam sair e alguns índios deixaram o local, mas boa parte decidiu dormir no edifício, em colchões na garagem, dentro de carros da Funasa e nos corredores dos escritórios. Ele prometem aguardar uma nova reunião marcada com a direção da Funasa para esta manhã, na sede paulista.

Os índios reclamam da falta de remédios, de saneamento básico e o descuido com a saúde nas 37 comunidades indígenas do estado. O coordenador regional do órgão, Raze Razek, anunciou que deixaria o cargo na quarta-feira. A saída de Razek era uma das reivindicações dos índios.

Os índios, que chegaram ao local às 7h, invadiram o prédio perto do meio-dia. Duas horas depois, sob a justificativa de que ninguém os atendera, fecharam a rua com carros da própria Funasa. Depois de instalado clima de tensão e curiosidade no centro da cidade, funcionários da Funasa permitiram que dois caciques subissem para negociar.

- Se ninguém, falar com a gente, ninguém vai sair desse prédio - disse o cacique Darã, representante da comunidade indígena de São Paulo, pouco antes da libertação dos reféns.

Os índios das etnias terena, caingangue, krenak e tupi-guarani querem mais atenção para as comunidades e afirmam que a falta de saneamento básico é o principal problema e aumenta as doenças na população indígena. A Polícia Militar acompanha o movimento. Os soldados, com armas e cassetetes, chegaram a fechar parte da rua.

Segundo o cacique Darã, as 20 viaturas da Funasa que deveriam atender as comunidades estão quebradas e falta medicamento para atender a população indígena, que soma 5 mil índios no estado.

- Os funcionários da Funasa não vão nas comunidades para fazer um diagnóstico da saúde do nosso povo - disse Darã - As crianças indígenas estão desnutridas, morrendo aos montes. Falta saneamento básico, não tem viaturas nos postos de saúde, não tem remédios. Os índios estão sendo abandonados.



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