Governo americano e Ongs querem ditar regras para o Brasil
Antropologia

Governo americano e Ongs querem ditar regras para o Brasil


Veja essa e as duas matérias seguintes, todas publicadas no Correiro Braziliense de hoje, sobre a ousadia das Ongs internacionais em ditar uma pauta de comportamento do Brasil em relação à Amazônia e seu meio ambiente.

Tudo isso à revelia de uma discussão com a sociedade amazônida e com as autoridades brasileiras. Os gringos e alguns brasileiros acham que conhecem a verdade e têm a metodologia da implantação dessa verdade.

A Funai, coitada, nem conta. Algumas dessas Ongs e suas subsidiárias que não aparecem têm boas relações com MMA, mas têm sido tradicionalmente contra a Funai e seu papel de defensora dos interesses dos povos indígenas.

Falta ainda a imprensa mostrar a história de um GEF, de cerca de 20 milhões de dólares a serem gastos supostamente para capacitar os índios a entender o seu meio ambiente e seus recursos naturais, o qual foi proposta por uma Ong e está no MMA, e que eu, como presidente da Funai, vetei aprovação. Não me perdoam por isso.


_________________________________________________

EUA querem investir US$ 65 mi

Recursos do governo norte-americano e de organizações ambientalistas se destinam à aplicação durante cinco anos. A construção de grandes obras e a grilagem na região são as principais preocupações

Leonel Rocha
Da Equipe do Correio

Lançado no final do ano passado, a projeto Iniciativa para Conservação da Bacia Amazônica (ABCI, na sigla em inglês) prevê um financiamento de US$ 65 milhões (R$ 130 milhões) em cinco anos. Os recursos serão destinados para o fortalecimento e articulação política e reforço material das diversas organizações não-governamentais ambientalistas, de defesa dos povos indígenas e instituições de pesquisa que atuam no Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) pretende alocar US$ 50 milhões de recursos aprovados em 2004 pelo Congresso dos EUA para os programas de conservação ambiental em larga escala. O restante virá das ONGs ambientalistas que compõem os cinco consórcios criados para executar o projeto.

Com sede em Brasília e escritórios em Lima, no Peru, e Washington, nos EUA, a ABCI é a coordenadora do trabalho dos consórcios, que têm ONGs e empresas de consultoria lideradas pelo International Resources Group (IRG). Cada consórcio vai cuidar de uma área estabelecida no planejamento original do projeto (veja mapa e quadro) com um objetivo específico. O dinheiro da agência americana servirá para fortalecer os movimentos sociais brasileiros e dos países vizinhos na defesa da Bacia Amazônica. A maior preocupação dos responsáveis pela execução da iniciativa é com as conseqüências ambientais de grandes obras de infra-estruturas previstas para a região e com a forma de ocupação e exploração da maior floresta tropical do planeta.

"Não somos contra as obras de infra-estrutura, mas queremos que elas sejam feitas de forma racional para minimizar os impactos ambientais e não transformar totalmente a região", explica Anthony Anderson, secretário da ABCI. Segundo ele, as áreas definidas inicialmente para a preservação poderão ser reduzidas. A intenção dos consórcios, de acordo com o projeto, é apoiar ações no sudeste da Amazônia, uma região considerada de excepcional biodiversidade, com grandes parques nacionais, terras indígenas e outras áreas que possibilitariam o uso sustentável dos recursos naturais. O plano, ainda em fase preliminar, cita especificamente a rodovia que liga a Amazônia ao Pacífico e a intenção de assessorar prefeituras e até governos estaduais a elaborarem projetos de infra-estrutura.

Outra preocupação da ABCI é quanto à ocupação do sudeste da Amazônia brasileira, que está se tornando uma " nova fronteira de assentamento com expropriação de terras públicas por especuladores privados, corte ilegal de madeira, queima de áreas desmatadas, expulsão de populações tradicionais e pressão sobre terras indígenas". O texto refere-se à pavimentação das rodovias Porto Velho-Manaus e Humaitá-Lábrea, à construção do gasoduto Urucu-Porto-Velho e às duas hidrelétricas projetadas pelo governo para o Rio Madeira, motivo de polêmica no processo de licenciamento a cargo do governo.


Além disso, a proposta para a conservação da Bacia Amazônica toca em um ponto polêmico: reservas minerais e de petróleo que "permanecem nas mãos do Estado ou de companhias privadas que têm elevado em muitas áreas a exploração descontrolada e destrutiva de minérios e do transporte de petróleo e gás". E cita outras ameaças com a chegada de colonos em novas fronteiras agrícolas ou em áreas para onde estão previstas estradas e exploração nas terras indígenas. Segundo a ABCI, nos últimos anos cerca de US$ 100 milhões anuais foram investidos por várias ONGs que atuam na Amazônia.

Não somos contra as obras de infra-estrutura, mas queremos que elas sejam feitas de forma racional para minimizar os impactos ambientais e não transformar totalmente a região


Anthony Anderson, secretário da iniciativa para conservação da Bacia Amazônica

Resumo dos cincos consórcios

Consórcio

Desafiando o avanço do desmatamento na Amazônia brasileira

Conservando a paisagem de Madidi-Manu da Bolívia e Peru

Paisagens indígenas: fortalecendo organizações indígenas da bacia Amazônica

Consórcio ambiental na região de Madre de Dios, que engloba Peru, Acre, no Brasil, e a região de Pando, na Bolívia

Meios de vida sustentáveis na Amazônia Ocidental

Objetivos

Apoiar atores locais para lidar com problemas sócio-ambientais associados ao desmatamento

Melhorar o planejamento ambiental e desenvolver eco-empreendimentos comunitários

Fortalecer manejo ambiental, organizar parcerias e proteger as terras dos índios

Reduzir a perda de biodiversidade e criar um bom exemplo de colaboração internacional em assuntos transfronteiriços na Bacia Amazônica

Reduzir a degradação ambiental e melhorar os meios de vida comunitários, aumentando a renda com atividades sustentáveis

Local

Sudeste da Amazônia brasileira (estado do Amazonas)

Sudeste da Amazônia (Peru e Bolívia)

Quatro áreas (duas no Brasil, uma no Peru e outra no Equador

Sudoeste da Amazônia (Peru, Bolívia e Brasil)

Amazônia Ocidental (Colômbia, Equador, Peru e Bolívia)

Instituições

Quatro ONGs lideradas pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil
Cinco ONGs lideradas pela Wildlife Conservation Society

Cinco ONGs lideradas por The Nature Conservancy

Quatro universidades, quatro ONGs e uma agência do governo lideradas pela Universidade da Flórida

Três ONGs lideradas pela Reinforest Aliance



loading...

- Peru Promete Criar Novas Terras Indígenas Na Amazônia
Finalmente o governo peruano está se movimentando em relação à situação dos povos indígenas amazônidas. Segundo matéria da Reuters, o Peru cogita criar cinco novas reservas para povos indígenas da Amazônia peruana. Essa é uma notícia muito...

- Minc ´tá Que ´tá
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, está que está, e não está prosa. Já vai prender e fazer churrasco para a Bolsa Família 12.600 bois de fazendas ilegais do Pará, vai arranjar um fundo de 900 milhões de dólares para a Amazônia, a ser...

- Novo Plano De Sustentação Da Amazônia
Prosseguem os planos do MMA para a Amazônia. Agora temos o Plano Amazonas Sustentável, PAS, para a mídia. Expost por Capobianco, secretário executivo do Ministério, aliás, um dos diretores do ISA, os planos exalam um ar de fata morgana, de irrealidade...

- Desmatamento Zero Na Amazônia
Ontem, no Congresso Nacional, teve uma reunião muito importante entre governo federal, governos estaduais e Ongs ambientalistas a favor de um "pacto" em prol da conservação da Amazônia. Estavam presentes desde a ministra Marina Silva, o ministro sem-pasta...

- ìndios Autônomos Saem Do Peru E Vêm Ao Brasil
Importante notícia dessa semana, que até agora só saiu em jornais menores, fala do Ibama ter se deparado com uma aldeia de índios autônomos que vieram do Peru e estão no Acre. Ora, os índios não conhecem esse tipo de fronteira. Eles se deslocaram...



Antropologia








.