Antropologia
FUNAI: Para onde vais?
Ontem a pá de cal foi jogada sobre o Plano de Carreira Indigenista da Funai pelo Ministério do Planejamento.
A matéria abaixo, retirada do site da Condsef, mostra cabalmente que o Ministério do Planejamento comunicou formalmente a representantes sindicais da Funai que o Plano de Carreira foi abortado devido a disputas internas no governo. Os sindicalistas da Funai parecem duvidar disso e usam um argumento ingênuo de que o Plano vinha sendo discutido há cinco anos. Portanto, pensam, já deveria estar tudo certo.
Pensam torto. As disputas no Planejamento e, agora, dentro das correntes onguistas que dominam a Funai, resultaram num impasse em que falta uma voz lúcida para explicar ao governo a importância do órgão indigenista para a vida pública da Nação.
Que Ong seria capaz de fazer isso? Pelo contrário, elas sabem é argumentar que a Funai é desnecessária, ineficiente e caduca. Só as Ongs é que são eficientes, usam todos os recursos na ponta, não pagam bem seus assessores e se dedicam rondonianamente aos povos indígenas. Rondononiano não, neoliberalmente. Assim pensam os dirigentes do ISA, assim pensam figuras eminentes do Ministério Público, desse modo agem os dirigentes do CTI, e por vias mais misterioras ainda agem os dirigentes do CIMI. E todos estão comandando a Funai atual.
Eis a realidade nua e crua.
O Plano de Carreira Indigenista foi enterrado pela incompetência da atual administração da Funai. Essa incompetência está campeando em outros quadrantes do órgão. Demissões sumárias de indigenistas e indígenas. Abandono das administrações e núcleos de apoio. Falta de transparência de suas ações. Terrorismo funcional interno. Obscurantismo administrativo. Mas parece uma camarilha tramando, entre eles, na calada da noite, o quê fazer de maldade para os funcionários e para os índios, e no dia seguinte pegar de surpresa todo mundo. Essa de transferir a Administração Regional do Mato Grosso, de Cuiabá, capital do estado, para Juína, no interior, é de um leviandade impressionante e de uma irresponsabilidade com o dinheiro público fora de comum. Quem deu tal idéia? Será que foram os dois luminares que fizeram o plano de reestruturação? Poderiam vir a público para expor seus brilhantes argumentos em favor dessa transferência desastrada, que, naturalmente, será abortada logo mais?!
Sei que os funcionários e servidores da Funai estão pasmos. Nunca viram coisas como as que estão acontecendo nesse último ano. Até quando ficarão passíveis a isso? Estarão esperando a infantaria indígena?
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Notícias da Condsef
31-Mar-2008
Os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram surpreendidos pela decisão do governo de não levar adiante a implantação do Plano de Carreira e Cargos Indigenista (PCCIn). O anúncio foi dado, nesta quinta-feira, em reunião no Ministério do Planejamento que contou com a presença do diretor de administração da Funai, Celso Alberici. A Condsef e representantes da comissão nacional de servidores do órgão encararam o recuo com revolta. Para a Confederação, a atitude é inadmissível já que o Planejamento havia assegurado que propostas apresentadas seriam honradas. Uma tabela havia sido apresentada à categoria em 2007 e precisava apenas de ajustes. Diante do impasse, uma nova reunião deve acontecer entre os dias 7 e 11 de abril. Em seguida, a Condsef vai convocar uma plenária nacional do setor que deve discutir ações para dar agilidade ao processo de negociações com o governo.
Para a entidade, o momento exige reação rápida. Assembléias devem ser realizadas nas próximas semanas para que a categoria possa definir até por uma possível mobilização para fazer com que o governo garanta o compromisso que assumiu com os servidores da Funai. "Não vamos aceitar o desprezo do governo e da direção do órgão. A Funai não pode ser colocada à margem desse processo", disse Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Condsef que acompanhou a reunião.
A Condsef não acredita na justificativa de que o recuo aconteceu por divergências internas no governo. De acordo com o Planejamento, isso teria tornado a implantação da carreira indigenista impossível neste momento. Como o debate para implantação do PCCIn acontece há mais de cinco anos, a entidade acredita que este obstáculo já foi superado.
Servidores devem protestar - Para a entidade, a expectativa gerada pelo próprio governo em torno da carreira indigenista fará com que os servidores lutem pelo cumprimento das negociações e a implantação definitiva do PCCIn.
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