Falha estratégia da atual gestão da Funai de dividir os Xavante
Antropologia

Falha estratégia da atual gestão da Funai de dividir os Xavante


Os dois primeiros grupos de Xavante que chegaram a Brasília ontem, por volta de 10 horas da manhã, que tinham uma reunião marcada para falar com a direção da Funai, terminaram não sendo recebidos em conjunto. Foram estrategicamente divididos em dois grupos. O grupo maior, comandado por João Xavante, do NAL Norotã, de Campinápolis, ficou na Funai, enquanto o grupo liderado por Celestino, de Xavantina, foi levado ao Ministério da Justiça.

A atual direção da Funai raramente vai ao órgão e prefere as dependência do MJ para impressionar os índios do poder que têm. Mas os índios não se intimidaram nem um pouco.

O pessoal de Xavantina é o mesmo para quem a atual direção da Funai tinha criado uma administração regional, no dia 10 de novembro p.p., e depois revogado a portaria uma semana depois alegando que ela fora publicado sob coação dos índios. É o mesmo grupo para o qual a atual direção da Funai pedira e obtivera uma liminar judicial para expulsá-lo das dependências da sede, o que constituiu uma das maiores vergonhas da Funai desde os tempos dos militares.

A tentativa de dividir os Xavante falhou. Falhou também a tentativa de promessas de que Xavantina iria se transformar numa "comissão técnica" e que iria receber recursos para se estabelecer. A reunião foi dura e os índios foram veementes, diante de várias autoridades do Ministério da Justiça, de que não queriam saber de palavras inúteis.

Os Xavante que chegaram ontem são a ponta de lança do movimento indígena de base, de raiz, contra a reestruturação da Funai e contra a irresponsabilidade e a insensatez que assolam o órgão indigenista.

Não aceitam outra coisa senão a revogação do decreto presidencial de reestruturação e o fim dessa calamitosa administração, que está levando a Funai, seus servidores e os povos indígenas ao desespero. Querem que o presidente Lula revogue seu decreto, demita a direção atual por completo, e crie um grupo composto por índios e por indigenistas indicados pelos índios para fazer um novo projeto de reestruturação dentro de 3 meses.

Eis o que está se vislumbrando como objetivo desse movimento indígena de raiz.

Faz sentido.

PS
Esses dois grupos avançados dos Xavante chegaram para resolver a parada de qualquer jeito. Tanto que já veio cada qual com seu fogareirozinho, sal e um saco de arroz para fazer suas refeições mínimas, caso a Funai não providenciasse. À noite, sem alojamento, dormiram na própria Funai. Os estudantes de Brasília já começam um movimento de solidariedade ao movimento indígena de raiz.

Logo mais chegarão mais 80 Xavante da região de Campinápolis.



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