Este Blog é censurado e condenado por ação ajuizada pela Funai
Antropologia

Este Blog é censurado e condenado por ação ajuizada pela Funai


Recebi hoje à tarde uma CARTA DE INTIMAÇÃO da 15ª Vara da Justiça Federal, de Brasília, que determina que este Blog, citado através da minha pessoa, Mércio Pereira Gomes, julgado e condenado como réu à revelia, junto com a GOOGLE, a JOCUM e a YOUTUBE retirem de seu quadro de postagens um vídeo feito pelo cineasta americano James Cunningham em que encena um suposto infanticídio realizado por índios Zuruahá.

Esse vídeo foi postado no YOUTUBE em maio-junho de 2008, por alguém que certamente tinha acesso à JOCUM, uma entidade missionária que atua entre diversos povos da Amazônia, inclusive os Zuruahá, e que tem se especializado em fazer sensacionalismo e condenar supostas práticas de infanticídio entre alguns povos indígenas brasileiros.

O Documento de Intimação pode ser encontrado no Google Docs na seguinte URL: 
http://docs.google.com/leaf?id=0B9c_LyBU3cf1NDdhYTI0ODctN2ZkYy00ZjM3LWE2ZjctMDI4MDE4ZTBjODQz&hl=en

A condenação foi feita em 25 de maio de 2010 respondendo a uma ação ordinária ajuizada pela Funai, com intermediação do Ministério Público Federal.

Quero relembrar aos leitores desse Blog que esse video, na versão de 3 minutos e pouco, foi postada nesse Blog no dia 26 de junho de 2008 depois que um leitor do YOUTUBE me chamou a atenção. A intenção dessa postagem era de chamar a atenção da Funai, do Ministério Público Federal, da Justiça de um modo geral, e dos leitores para a irresponsabilidade criminoso inerente no vídeo, feito como fabricação de um evento em que são envolvidas crianças pertencentes a um povo indígena, e no modo em que se previa a intenção criminosa do cineasta. A postagem pede que a Funai tome providências para coibir esse tipo de ação e condenar os seus autores.

Não era, como diz a piada do marido traído no sofá de sua casa, para tirar o sofá da sala, e sim para condenar quem produziu o filme. Os autores da ação preferiram retirar o sofá da sala e não fazer nada contra quem produziu o vídeo.

Na justificativa da atual procuradoria da Funai eu sou acusado de promover junto com o YOUTUBE e outros sites uma espécie de propaganda negativa dos Zuruahá. Atribui a mim uma ?suposta boa intenção?, sugerindo algo menos do que isso. E propõe que eu deveria ter procurado as vias legais para fazer as denúncias.

Eis como a sentença dessa Carta de Intimação é apresentada:

"Quanto ao réu, MÉRCIO PEREIRA GOMES, revel, não obstante suposta boa intenção, como ex-presidente da Funai, deveria ter procurado as vias administrativas e legais para denunciar a ofensividade do video e as inverdades ali apresentadas. Tem-se sua ação tanto como a exibição propriamente no YOUTUBE como elemento de divulgação e propaganda do mesmo".

Quer dizer, quando algo de ruim acontece em relação os índios, não é permitido colocar em Blog nem em jornal, é preciso levar o fato ou o indício de fato ao Ministério Público, a Funai e outras vias legais.

Ora, o vídeo estava postado há mais de um mês no YOUTUBE, com milhares de visitas e centenas de comentários os mais condenatórios possíveis, alguns claramente racistas e desumanos, e a Funai não tinha tomado conhecimento, ou se o tivesse, não havia feito nada.

Como os fatos demonstram em tantas situações, os índios deste país já estão carecas de saber e de sofrer que denunciar fatos ilegais contra índios levados em forma de documentos para a Funai e o Ministério Público não dá em nada. Ou só acontece quando há interesse de um grupo que vem dominando a política indigenista brasileira nos últimos anos. A coisa só sai da indiferença quando há conhecimento do público em geral e há um levante de indignação! Esta é que foi a intenção da postagem no Blog ?Índios, Antropologia, Cultura?, como os leitores podem se lembrar e rever agora. A postagem suscitou comentários de muitos leitores, a maioria de gente ligada a missões protestantes que me acusavam de acatar práticas de infanticídio, quando eles é que erão bons cristãos e estavam divulgando esse filme para alertar o mundo dessas práticas. Porém, indigenistas, antropólogos, e índios que viram essa postagem entenderam o seu sentido e a apoiaram.

De modo que este Blog foi condenado a retirar o referido vídeo e eu sou condenado a pagar inclusive as custas advogatícias da Funai. É demais, convenhamos!

Bem, o vídeo foi retirado, mas os comentários feitos a seu propósito continuam e quero aqui reproduzi-los na íntegra para conhecimento dos participantes desse Blog.


28 de junho de 2008

Nunca imaginei que tivesse que apresentar nesse Blog o filme abaixo. Por favor, não permitam que crianças o vejam.

Apresento-o com o sentimento do dever de fazer uma DENÚNCIA para a Polícia Federal, o Ministério da Justiça, a Secretaria de Direitos Humanos, a Funai, o Supremo Tribunal Federal e todas as instâncias judiciais, jurídicas e éticas do BRASIL. E todos os brasileiros.

Exijo que sejam tomadas providências imediatas!!!!
É um filme sobre o enterramento ao vivo de uma criança Zuruahá, um povo indígena que vive nas margens do rio Purus, no estado do Amazonas. Esse povo indígena, desde seu contato em meados da década de 1970, vem sendo assediado por missões religiosas de todos os tipos, desde o CIMI até as missões evangélicas.

O filme foi feito pela organização religiosa JOCUM, que quer dizer Jovens com uma Missão. É uma missão evangélica americana com filial no Brasil.

O filme está sendo veiculado pelo youtube no site www.youtube.com/greendomo. Mais de 63.000 visitas foram feitas a esse filme, com mais de 420 comentários. Comentários de toda sorte, desde gozação até demonstrações de espanto e estarrecimento.

Vejam o filme com o coração na mão, e façam o certo. Denunciem os autores e exijam a presença do Estado brasileiro. Não pode ser por uma Funasa despreparada, nem por uma Funai sem alma.

C E N S U R A D O

Não se sabe se o fato filmado é realístico ou se é só uma encenação de mal gosto.

Mesmo que não tenha sido um fato verdadeiro, o que esperamos, a encenação é criminosa. Os autores do filmes têm que ser processados e os culpados punidos rigorosamente.

Sendo uma encenação, os responsáveis forçaram ou persuadiram os índios a montar toda uma farsa para o benefício de uma missão, que deseja obter simpatia e recursos para permanecer em terras indígenas. Isto é inaceitável e imperdoável.

A Funai não pode ficar parada esperando que mais missões religiosas entrem na Terra Indígena Zuruahá. O CIMI também tem interesse de enviar missionário para esse povo indígena. A Funai tem que formar uma equipe digna de indigenistas para viver com esse povo e ajudá-lo a transpor as dificuldades em que vivem. Dificuldades especialmente de ordem cultural e existencial.

A Funai não pode ficar parada tentando ajeitar a vida das missões religiosas, do lado católico e do lado protestante, para entrar em terras indígenas de povos que estão em contato recente com o mundo brasileiro. Isto vai contra o espírito republicano da política indigenista brasileira, sobretudo do indigenismo rondoniano. As pressões do CIMI sobre a atual gestão da Funai são evidentes. O CIMI apoia diretamente as ações que estão sendo tomadas para diminuir a capacidade de ação do órgão indigenista. Por outro lado, a bancada evangélica no Congresso Nacional pressiona a Funai para permitir a entrada dessas missões religiosas que se pretendem salvadoras dos povos indígenas.

Não basta o que a OPAN fez com os Mynky? Não basta isto que a JOCUM está fazendo com os Zuruahá?

É preciso que o Ministério da Justiça dê um basta na presença de religiosos no mundo indígena de contato recente.



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