Antropologia
Educação indígena em discussão
Sexta-feira à tarde, dia 26, num auditório do Bndes, o Centro Internacional Celso Furtado abriu para um seminário sobre educação. Presentes o Ministro da Educação Fernando Haddad, o secretário de educação superior Ronaldo Mota e o reitor da UFRJ Aloísio Teixeira. Debate de três autoridades sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
O excelente reitor da UFRJ demonstrou confiança no programa, mas considerou que tem que haver mais empenho no sentido de reformar a educação superior brasileira. Sua idéia é uma ?universidade nova? onde os estudante entrariam sem vestibular e cursariam por três ou quatro semestres matérias gerais de humanidades, antes de entrar nas faculdades especializadas, como as engenharias, as ciências de saúde, etc. Disse que o Brasil teve duas grandes experiências que se frustraram por causa de mudanças políticas.
A primeira foi em 1935 com a fundação da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, sob a coordenação de Anísio Teixeira. A experiência não continuou por causa da incepção do Estado Novo, que levou Anísio ao exílio.
A segunda foi a Universidade de Brasília, com o mesmo Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Desta vez foi a ditadura de 1964 que acabou com esse grande experimento e estabeleceu o sistema universitário atual.
Agora seria tempo para renovar esse experimento em bases semelhantes. A modernidade necessita de pessoas que possam circular entre profissões e não se fechar em cursos que pouco dizem sobre o presente e menos ainda sobre o futuro.
O Ministro Haddad fez uma excelente apresentação do PDE, com suas 40 ações, da educação infantil à pós-graduação, com suas premissas de que a educação é sistêmica, que tem que se espalhar pelo Brasil (territorialidade), avaliação permanente e responsabilização dos agentes.
Porém, ao ser cobrado por uma professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, Azuete Fogaça, sobre o fato de que a educação para os índios é um desastre, nada foi dito.
Depois do debate, conversei com a professora Azuete e disse-lhe que minha luta na Funai, em relação à educação, foi de tentar convencer o Ministério da Educação a federalizar a educação indígena, pois, na experiência dos educadores da Funai, não dava para tolerar o que estava acontecendo nas escolas indígenas e na falta de competência e responsabilidade dos estados e municípios. A professora Azuete concordou plenamente e citou o exemplo da educação indígena em Roraima, onde o governo do estado nem a merenda distribui.
Vamos continuar lutando pela melhora da educação indígena. Este espaço está aberto para discussões e propostas.
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