Deputado matogrossense do sul e índios Guarani pedem o fim da Funai.
Antropologia

Deputado matogrossense do sul e índios Guarani pedem o fim da Funai.


A coisa está tão feia no sentimento indígena em relação à Funai atual que até os índios Guarani da Terra Indígena Dourados estão pedindo a sua extinção. E olha que é lá que a Funai atual tem dedicado sua maior atenção e dispensado o maior volume de recursos possíveis. Até o bispo de Dourados, sob orientação do CIMI, escreveu um artigo outro dia elogiando os novos ventos bons que estão soprando na região. Mas, o que está havendo mesmo em Dourados?

A matéria abaixo é das mais sintomáticas do momento atual. É a exasperação total dos índios Guarani com a direção da Funai de Dourados e, por extensão, da direção nacional.

No fundo, porém, temos que analisar o que está por trás disso. O jornal O Progresso aproveitou algumas falas dos índios para consolidar a fala de um deputado federal do Mato Grosso do Sul, este sim, antiindígena até a alma, que está aproveitando a passagem da Comissão Parlamentar sobre as mortes por desnutrição infantil para descascar em cima da Funai.

O que querem os matogrossenses do sul? O fim da Funai? Deixar os índios à mercê das forças que lhes foram contrárias tantos anos? Estadualizar a questão indígena? Colocar a raposa no galinheiro? É preciso que a consciência crítica daquele estado não aceite esse tipo de atitude como representativa do sentimento maior do povo.

Por que os índios Guarani da Terra Indígena Dourados estão tão desesperados a ponto de vocalizarem o desejo do fim da Funai? Como a situação ficou tão ruim assim?

Que falta de diálogo, de entendimento é essa que leva para a mesma posição índios Guarani e Terena, inclusive jovens estudantes procurando seu destino, junto a deputados claramente antiindígenas?!

Isso não pode continuar por mais tempo. Há que se formar uma verdadeira resistência por parte de funcionários e índios contra essa situação calamitosa.

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Parlamentar defende extinção da Funai
Lideranças criticam a Fundação e afirmam que não tem mais utilidade para os povos indígenas

Waldir Neves critica a inoperância da Funai e defende extinção

João Rocha, O Progresso

DOURADOS

Durante a passagem da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Reserva Indígena de Dourados, o deputado federal Waldir Neves defendeu o fim da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele afirmou que o órgão gasta mais de dois terços do orçamento com questões burocráticas, sendo inoperante nas questões indígenas.

"Pouco se investe nos fins, apenas nos meios. Não há projetos concretos do órgão que beneficie o índio. Sou a favor da extinção da Funai", disse o parlamentar.

Na reunião com os deputados, que aconteceu na Casa de Reza da Aldeia Bororó, as lideranças indígenas de diversas etnias criticaram a Funai e a falta de ação nas aldeias.

"Ao invés de ajudar, eles só atrapalham. A Funai está cheia de cargos políticos. O órgão não ajuda a gente", disse o agricultor indígena Naor Ramos Machado.

Na ocasião, o capitão da Aldeia Jaguapiru, Renato de Souza, fez uma denúncia grave contra órgão. Ele afirmou que as sementes de feijão destinada aos agricultores indígenas de Dourados, que estavam estocadas, foram vendidas pela Funai para uma empresa empacotadora de alimentos do município.

"Existem documentos que comprovam o que eles fizeram. A única distribuição de sementes que eles fizeram, foi de um milho já vencido e mesmo assim não foi para todos. Existe um outro documento que comprova ainda o superfaturamento sobre o aluguel do prédio da Funai", afirmou Renato.

Os líderes não querem apenas que a administradora regional da Funai, Margarida Nicoleti, deixe o cargo, mas pedem também o fim do órgão, que segundo eles, não tem sido útil à comunidade indígena.

A representante da Ação de Jovens Indígenas (AJI), Jaqueline Gonçalves Porto, foi bastante elogiada pela Comissão em seu discurso, durante a reunião. Ela disse que a tutela sobre o índio já acabou há muito tempo e que a Funai insiste por ela.

"Ela nos trata como se fossemos crianças, dependentes de tudo e incapazes. Não podemos viver somente de cestas básicas, precisamos de empregos, educação, políticas públicas que ajudem os povos indígenas, em especial o jovem índio, que está esquecido", desabafou.



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