CIMI denuncia 60 assassinatos de índios em 2009
Antropologia

CIMI denuncia 60 assassinatos de índios em 2009


Mais uma vez o CIMI vem a público para lançar seu relatório anual de assassinatos e suicídios entre povos indígenas. Os dados são aterradores, coletados em notícias de jornais e por intermédio dos missionários e são veiculados do modo mais excruciante possível. A maioria dos casos graves vem do Mato Grosso do Sul e envolve os índios Guarani. Mas há chamadas para os conflitos no sul da Bahia, com os Tupinambá, e em outras partes do Brasil.

Nenhuma informação é dada sobre o protesto dos índios contra a reestruturação da FUNAI, a presença da Força Nacional na porta do órgão indigenista, a licença intempestiva dada pela atual direção da FUNAI sobre Belo Monte.

O sentido do relatório e da sua publicidade, de acordo com seus autores, é para que a situação de desgraça dos povos indígenas não se torne trivial.

O interessante é que mesmo esmiuçando esses dados e chamando o estado e a sociedade brasileiros de "racistas", o CIMI e seus colaboradores continuam aferrados a suas posições de peso nos órgãos que cuidam da questão indígena, tais como a Funai, a CNPI e o Gabinete Civil do governo Lula. E não vêem contradições nisso.

O CIMI reduz toda a problemática indígena brasileira à questão da terra, como se os povos indígenas que já têm suas terras demarcadas não tivessem graves problemas! Como se o órgão que assiste oficialmente aos índios, junto com a miríade de outros órgãos federais, estaduais e municipais, bem como as ONGs e as missões religiosas não tivessem sua dose de culpa nessa questão.

A questão indígena brasileira é maior do que todas essas análises simplistas. Fugir dela é jogar uma cortina de fumaça para que fique fácil de permanecer no erros que se exacerbam a cada dia.

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Sessenta indígenas foram assassinados em conflitos fundiários no ano passado


Gilberto Costa, repórter da Agência Brasil


Brasília ? O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulga na próxima sexta-feira (9), na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas com dados de 2009. No ano passado, 60 índios foram assassinados, houve 16 tentativas de homicídio e 19 casos de suicídio, segundo o documento.
De acordo com o vice-presidente do Cimi, Roberto Antônio Liebgott, a ?violência sistemática? contra os índios é causada pela disputa de terras e pelo que chamou de ?omissão do Poder Público?. Em sua opinião, o Estado poderia ter resolvido o problemas se concluísse as demarcações das terras indígenas. Segundo o Cimi, há 24 terras indígenas já identificadas por grupos de trabalhos e mais 64 com portarias declaratórias do Ministério da Justiça em processo de demarcação, que antecede o decreto presidencial de homologação.
Liebgott disse à Agência Brasil que a maioria dos casos de assassinato dos índios ocorre em aldeias que se instalam entre as cercas das fazendas e a beira das estradas; como ocorre, por exemplo, com os Guarani Kaiowa e Guarani Ñandeva, em Dourados (MS), conforme constatado no local pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) em visita feita março em deste ano.
O relatório do Cimi informa que em Mato Grosso do Sul foram assassinados 33 indígenas, 54% dos casos. A antropóloga Lúcia Helena Rangel, que coordenou a pesquisa para a elaboração do relatório, questiona porque naquela região há problemas fundiários: ?Quem falou que não cabe todo mundo lá??, indagou. O estado também concentra os casos de suicídio indígena apontados no relatório
Mato Grosso do Sul é a segunda unidade da Federação com maior população indígena e é grande produtor de cana-de-açúcar, soja, milho e mandioca. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE (fevereiro de 2010), informa que a produção de cana no estado cresceu mais de 22% entre a safra de 2009 e 2010.
Além do MS, o relatório destaca a situação conflitiva entre fazendeiros e indígenas Tupinambá, no sul da Bahia. O Cimi afirma que em junho do ano passado a Polícia Federal agrediu e torturou cinco indígenas presos em uma operação de desintrusão nas dunas dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema.
Lúcia Helena acredita que episódios como esses demonstram que a sociedade brasileira e o Estado são ?racistas? e que o preconceito contra os índios é ?uma situação histórica que não se alterou. A dificuldade de aceitarmos os direitos dos indígenas e de outros segmentos da população é da nossa formação social?, analisou. Para ela, o relatório do Cimi mostra mais um ?instante? de um processo conflitivo existente há anos. ?O Cimi faz o relatório desde 1993, mas poderia fazer desde 1500 [descobrimento do Brasil] que encontraria esse quadro.
Na opinião da antropóloga, o preconceito da sociedade em relação aos índios explica a demora na demarcação de terras e a falta de proteção aos indígenas e mostra porque esses direitos não são respeitados, embora estejam previstos. ?A lei não faz a cabeça de ninguém. A sociedade brasileira produziu uma ideologia anti-indígena?, destacou. ?Formamos uma sociedade que constituiu sobre outra. Por isso consideramos as manifestações culturais dos índios como menores?, acrescentou.
O relatório do Cimi é elaborado com base nas notícias publicadas em jornal e na internet, especialmente em meios locais, e contabiliza apenas os registros confirmados pela equipe de pesquisadores.



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