O saber é um dom que deve ser partilhado como Mauss nos ensinou. Dar, receber e retribuir. A cobrança impede o livre acesso à produção acadêmica, mas os artigos publicados em revistas de acesso livre são mais citados que os pagos. Se os pesquisadores recebem salário e bolsas das universidades, agências, governos e outros meios de financiamento, porque a produção não chega aos estudantes senão pelo pagamento? Boa parte das revistas de antropologia já são de livre acesso, A plataforma SciElo é um exemplo maravilhoso. Mas vejamos mais de perto. A antropologia da UnB produz a Série Antropologia com acesso aberto, enquanto edita o Anuário Antropológico com acesso restrito, apenas com versão impressa-paga. A Revista de Antropologia da USP parou o livre acesso. Sua Coleção Antropologia não tem versão digital. Muitos departamentos ainda ?escondem? sua produção e se distanciam dos estudantes e pesquisadores interessados. A internet é aqui e não faz sentido a recusa em disponibilizar o acervo. A antropologia poderia ser muito mais forte entre nós se a produção de seu conhecimento fosse partilhado de maneira mais ampla. A possibilidade de acessar a produção brasileira em sua globalidade, daria aos novos antropólogos a certeza de continuidades e avanços teóricos. Aos mestres, a ampliação do diálogo acadêmico, das redes de filiação e da visibilidade de suas tradições. Na prática, o livre acesso contribui para o crescimento do rigor metodológico e profundidade das abordagens teóricas que alimentam a antropologia estabelecida enquanto fomenta os novos horizontes do campo disciplinar.